História da cerveja no Brasil

Bora falar um pouco sobre a história da cerveja no Brasil?

Vamos perceber, ao longo do texto, que a história da cerveja aqui é bem recente se comparada a história da cerveja na Europa (quando ainda nem era Europa). Diferente das escolas cervejeiras clássicas (Alemã, Franco-belga e Britânica) que têm datas marcadas antes de Cristo. Só para termos ideia, enquanto nosso país estava sendo descoberto, lá do outro lado do mundo, já estavam descobrindo o lúpulo para conservação de suas cervejas. Um exemplo do quanto essa prática de beber cerveja é antiga na Europa é a cervejaria alemã Weihenstephan, a mais antiga do mundo ainda em funcionamento, foi aberta em 1.040. Sua cerveja começou a ser produzida antes ainda, em 800.

Para se ter uma ideia, há mais de 4.000 anos a.C., os babilônios já fabricavam mais de dezesseis
tipos de cerveja de cevada, trigo e mel.

Voltando para o Brasil, segundo historiadores, nos primeiros anos do século XVI (1.501 -1600), tribos indígenas, apreciavam o Cauim, um tipo de bebida fermentada à base de mandioca, milho e frutas, elaborada pelos próprios nativos. A massa da bebida era cozida, MASTIGADA (cuspida) e recozida para a fermentação, de forma que enzimas presentes na saliva quebrassem o amido em açúcares fermentáveis. É estranho, mas era assim mesmo!

Nassau - Colorado

Já na colonização do país, as primeiras cervejarias no Brasil começam com a chegada de Mauricio de Nassau e a tropa holandesa ao Recife, em 1637. Junto deles, veio o cervejeiro Dirck Dicx com uma planta e todos os componentes necessários para montar uma cervejaria. A ideia era montar a primeira cervejaria do Brasil.

Onde era domínio dos portugueses, a cerveja não chegava, pois eles temiam perder as vendas dos vinhos. Com isso, havia contrabando de cerveja nos portos do Rio de Janeiro, de Salvador e de Recife. Êêê Brasil!

Dom Pedro

Quando os holandeses saíram do Brasil, em 1654, levaram a cerveja e tudo que tinha na cervejaria. O produto sumiu do Brasil por 150 anos. Enquanto isso, era consumida apenas cervejas feitas em casa de forma artesanal.  A comercialização de cerveja só voltou com a fuga da Família Real portuguesa para o Brasil, em 1808. Dom João consumia muito a bebida. Com isso, até 1814, mandou abrir os portos, exclusivamente, para a importações da Inglaterra. Assim, os primeiros estilos de cerveja a chegarem no Brasil foram ingleses, ou seja, as Ales (veja o post sobre a Escola Britânica).

A partir da metade do século XIX, a fabricação de cerveja brasileira começa a tomar vulto com o aparecimento de diversas fábricas. As primeiras fábricas produziam cerveja sem marca e geralmente vendiam, em barris. No final do século, quando a importação voltou a crescer, a preferência passou a ser pela cerveja alemã, que era mais leve e vinha em garrafas e em caixas, ao contrário das Brahmainglesas (em barris).

Com a quadriplicação dos impostos, parou-se com as importações no início do século XX. Com isso, em 1904, a produção nacional ganha força e domina o mercado, dando origem às grandes cervejarias e com produção quase exclusiva do estilo Standard Lager (as cervejas de massa que são vendidas hoje – tipo Pilsen).

Em 1994, surgiram as microcervejarias que produziam pequenas quantidades para consumo local, influenciadas pelo movimento Craft Beer dos EUA, com a proposta de cervejas saborosas e com personalidade. Sobre as cervejas artesanais aqui no Brasil, falarei no próximo post.

A cerveja virou paixão nacional e , hoje, o Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, produzindo, em 2020, de acordo com a Barth Haas, 151,9 milhões de hectolitros, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos.

Curiosidades sobre a cerveja no Brasil

– As cervejas fabricadas nacionalmente ficaram conhecidas como “marca barbante”. A origem da expressão está no fato que os produtores usavam barbantes para prender as rolhas das garrafas. Deste modo, se a pressão de CO² interna estivesse muito alta, a rolha não era expulsa.cerveja barbante

– Em 1853, o alemão Heinrich Kremer fundou a Cervejaria Bohemia, na região de Petrópolis (RJ). Não foi a primeira cervejaria no Brasil, mas é considerada a cervejaria em atividade continua mais antiga do país;

antiga-companhia-cervejaria-bohemia

– O empresário Joaquim Salles possuía um abatedouro de porcos com uma fábrica de gelo, na época ociosa. O alemão, Luis Bucher, tinha uma pequena cervejaria em 1868 e despertou o interesse pela fábrica de gelo. Em 1888, surgia na associação entre os dois a Cervejaria Antarctica, sendo a primeira cervejaria a produzir Lager e a primeira a ter rótulo em todas as garrafas.

Também em 1888, o engenheiro suiço, Joseph Villiger, fundou sua própria cervejaria chamada de Manufatura de cerveja Brahma Villiger e Companhia, com 32 funcionários e uma produção de 300 mil litros/mês. Sendo então comercialmente lançada a Cerveja Brahma. Desde então a Brahma não parou de crescer. Em 1904, surgiu a Companhia Cervejeira Brahma que era uma fusão da Villiger Brahma com a cervejaria Teutônia, na cidade de Mendes (RJ).

–  No início do século XX, a produção de cerveja entra em declínio no país, já que a matéria-prima vinha do Velho Mundo, que passava por um período de guerras. Mas, em 1966, a produção é retomada e surge a Cerpa. Em 1967 surge a Skol. Skol primeira cerveja em lata do Brasil

– Em 1971, a Skol lança a primeira cerveja em lata do Brasil. Ela era feita em folha de flandres.

– Em 1980, surge a Cervejaria Kaiser, em Divinópolis/Minas Gerais, e em 1989 a Primo Skincariol passa a produzir cerveja no interior de São Paulo.

– Em 1993, um grupo de empresários se associou e decidiu comprar algumas máquinas, equipamentos e um terreno perto da rodovia Br 040 – Km 51. Assim, surgi a Cervejaria Petrópolis. Em 1994, é lançada a Cerveja Itaipava. A marca também inovou ao adotar, em 2002, o selo higiênico, uma folha fina de alumínio que cobria a parte superior da lata e que tinha que ser retirada para permitir a abertura da mesma, proporcionando ao consumidor higiene e segurança contra impurezas e micro-resíduos.

– Em 1999, a partir da fusão Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma, surge a Ambev – Companhia de Bebidas das Américas. A criação da AMBEV e sua posterior fusão a gigante belga Interbrew foram dois dos fatos mais marcantes da história da cerveja brasileira e mundial das últimas décadas. Com o nome de Inbev, a nova empresa mundial, a partir de 2004, tornou-se a maior produtora do mundo.

– Eisenbahn/Cervejaria Sudbrack –  Criada em 2002, surgiu devido ao descontentamento de alguns empresários do setor pela forma como estava evoluindo o mercado de cervejas do país. Surgia apenas cervejas do tipo pilsen, esquecendo-se os outros tipos tradicionais de cerveja originários da Europa. Apostando num experiente mestre cervejeiro e seguindo a Reinheitsgebot, a Lei Alemã da Pureza, criaram a Eisenbahn que, em um determinado período tinha diversos estilos como: Dunkel, Kölsch, Pale Ale, Pilsen, Pilsen Orgânica, Weihnachts Ale, Weizenbier, Weizenbock, Rauchbier, Bierlikor. Porém, hoje em dia, eles reduziram esse portfólio, podendo ser encontrada apenas a Pilsen, Pale Ale, Weizenbier e American IPA.

– Hoje, no Brasil, o setor cervejeiro está perto de atingir a meta lixo zero em seus processos produtivos. Os maiores fabricantes já registram índice de pelo menos 90% na reciclagem dos resíduos gerados pela produção.

De acordo com uma pesquisa feita pela Euromonitor, em 2020, as cervejas mais vendidas para os consumidores brasileiros são as nacionais: 1 – Brahma: 21,9%; 2 – Skol: 21,5%; 3 – Antarctica: 10,5%; 4 – Itaipava: 8,4% e 5 – Nova Schin: 6,8%

Fontes: brejada.com/brejapedia/estudos/cervejas-especiais-nacionais/
http://www.cervejasdomundo.com/Brasil4.htm
http://cervejasecervejariasnomundo.blogspot.com/2016/05/a-historia-da-cerveja-no-brasil.html

Cerveja Artesanal x Cerveja Popular

Como prometido, depois de falar da cerveja popular/industrializada, vou falar sobre as cervejas artesanais, principalmente sobre sua produção e ingredientes, que é o seu diferencial em relação às cervejas populares/industrializadas. Sobre a história da cerveja artesanal eu falei em outros posts. No Brasil e em Minas.

As cervejas artesanais são aquelas produzcopo-com-lupulo-logo.jpgidas quase que de forma caseira.  Algumas microcervejarias, mesmo utilizando equipamentos modernos, ainda assim são consideradas como cervejarias artesanais pelo cuidado que têm com sua produção. Pois há uma preocupação maior em diversos momentos da produção como: na seleção dos ingredientes, no preparo da receita e na escolha dos conservantes finais, que devem ser naturais e não químicos.

Ou seja, essas cervejas são bem cuidadas, com produções mais restritas (mas não necessariamente pequenas), o que leva a um resultado excelente com produtos de ótima qualidade.

 

Mesmo que algumas cervejas são Eisenbanhfeitas em maior escala, que é o caso das microcervejarias, como a Colorado, a Eisenbanh, a Bäcker, não podemos considerá-las industrializadas como as populares, pela forma como são pensadas.  As artesanais feitas em larga escala, assim como as produzidas em menor escalas, têm um processo cuidadoso não só na criação, mas, também, na fermentação e maturação. Além disso, os ingredientes utilizados são nobres e selecionados e as receitas são elaboradas pensando em adaptar-se a diferentes paladares, criando uma identidade da cerveja. Diferente das populares/industrializadas, que o processo já é todo automatizado, os ingredientes usados são os mais baratos e a receita é bem parecida.

As cervejas artesanais tem como base a água, o lúpulo, o malte e a levedura, sem adição de conservantes e outros produtos químicos.

formula
Imagem: http://www.comofazercerveja.com.br

 

Oulupulotra diferença entre a cerveja artesanal e a popular/industrializada fica por conta da forma de conservação da cerveja. Enquanto as industrializadas usam aditivos químicos, a maioria das artesanais não usa. Nas artesanais, o lúpulo colocado em maior quantidade e o álcool são os ingredientes que ajudam a manter a validade, além da pasteurização que muitas fazem.

Sem os conservantes, o produto fica natural, porém mais suscetível à ação externa e terão um prazo de validade menor, não podendo ter uma escala tão grande de produção. Mas, não é regra, algumas artesanais usam alguns aditivos químicos como conservantes, que é o caso de algumas da Wäls, Baden Baden.

A fabricação das artesanais passa pelas mesmas etapas que a cerveja industrial, contudo, é um trabalho muito mais criterioso e menos automatizado.

Todo esse cuidado nos permite ter experiências incríveis em todos os sentidos: quanto ao sabor, ao aroma, ao visual.

Gente, é incomparável! Vale a pena dar uma economizada para garantir “o pão nosso” de cada dia! #ficaadica

E você, já começou a ter suas experiências com cerveja artesanal?  Me conta aí!

cerveja

Cerveja Industrializa: vamos aprender mais?

Em princípio eu iria fazer um post comparando os dois tipos de cerveja para podermos entender o que é uma e o que é a outra. Porém, fazendo minhas pesquisas, percebi que o assunto é bem extenso e para conseguirmos comparar é necessário entender os dois tipos de cerveja. Por isso, ao invés de fazer um quadro comparativo, resolvi dividir o assunto em dois e falar um pouco de cada um separadamente.

Então, vamos aprender mais sobre o que estamos bebendo?

Bom. As cervejas populares/industrializadas ou “cerveja de milho”, são aquelas produzidas em larga escala, que estamos acostumados a ver em grande quantidade nos supermercados, distribuidoras, bares e restaurantes em geral. Ou seja, as Brahma, Skol, Itaipava e Antárctica da vida.

E onde entra o tal do milho?

Os ingredientes de uma cerveja são: a água, malte (como uma copo milho2fonte de amido), lúpulo e levedura.  Em algumas, 100% dessa fonte de amido é o malte (por isso a descrição “Puro Malte”) como a Heineken, Paulistânia, Bavaria Premium, Proibida e Devassa Puro Malte e as artesanais em geral. Já a maioria das populares (Brahma, Skin, Skol, Original, Bohemia…), usa-se o malte também como fonte de amido, porém, não é 100%. Pela legislação brasileira está permitido o uso de até 45% de adjuntos para substituir o malte. Esses 45% de outros tipos de cereais, são identificados nos rótulos como cereais não maltados. Eles possibilitam que haja um aumento do volume do produto, fazendo com que as indústrias gastem menos e produzam em maior quantidade, além disso, eles são muito mais baratos que o malte. A produção fica mais barata, o produto é vendido por um preço baixo, atingindo a maior parte do público cervejeiro. Enfim, torna-se um produto popular.

copo-calderetaAlém de aumentar a quantidade na produção, esses cereais tornam a cerveja mais leve, fazendo com que ela seja consumida em maior quantidade. E a quantidade de lúpulo (quando tem) é bem pouca, o que faz com que a cerveja fique sem sabor e sem aroma. E toda essa padronização, faz com que a maioria tenha um gosto semelhante. Eu, particularmente, nunca achei graça nisso. Mesmo antes de descobrir as artesanais eu não gostava de tomar as industrializadas.

Portanto, a quantidade e a qualidade dos ingredientes usados, o processo industrializado e o volume de venda, fazem com que a cerveja popular seja mais barata e esteja mais presente nas geladeiras.

E a propósito, elas se enquadram na Escola Cervejeira Americana, seu estilo é o  “Standard American Lager”. Veja aqui o post que fiz sobre essa escola!

Quero saber mais sobre esse milho!

Vamos lá! Como disse anteriormente, no Brasil, a legislação permite que as cervejas tenham até 45% de cereais não-maltados no lugar do malte. E as fabricantes das populares fazem questão de usar o máximo que pode.

Exemplo de cereais não maltados: cevada, trigo, arroz, milho, centeio e aveia.

Os mais utilizados como fonte de amido na produção de cerveja são: milho (mais comum) e o arroz (no caso da Bud). A adição desses adjuntos, como já disse, dá mais volumes na produção e faz com que a cerveja fique mais leve (mais aguada), barateando o processo.arroz e milho

O milho utilizado, provavelmente, é o transgênico, pois este tipo de milho equivale a mais de 89% do total de milho produzido pelo país. Existem inúmeros estudos que mostram que os transgênicos causam os mais diversos problemas genéticos. Isso não é bom!

Outra discussão é o rótulo dessas cervejarias, que não deixa claro para o consumidor qual é o cereal não maltado utilizado naquela receita.

bavaria

Mas, existe um lei, que obriga as cervejarias a especificarem quais são esses cereais não-maltados. Falei sobre essa lei no meu post “O fim dos cerais não-maltados nos rótulos das cervejas -leia aqui”.

Cervejas que no rótulo descrevem “cereais não maltados” então são de baixa qualidade?

Isso é mito. Nem sempre as cervejas que contém esses ingredientes em sua composição

leffe
Leffe – Cerveja Belga  

vão ser de baixa qualidade. Alguns cereais não-maltados, como o trigo não-maltado, a aveia e a cevada, podem ser utilizados para dar características específicas a algumas cervejas. Podem servir para fazer com que uma cerveja atinja um teor alcoólico mais elevado sem fazer com que ela fique mais encorpada e adocicada demais, que é o caso das excelentes cervejas belgas. Ou podem ser usados também para equilibrar certas características como o aroma, sabor, espuma e corpo.

Portanto, devemos estar atentos! Nem sempre que o rótulo trouxer “cereais não-maltados”, significa que aquela cerveja foi feita com excesso desse ingrediente com o intuito de aumentar seu volume e barateá-la. Que é o caso de todas as cervejas populares/industrializadas.

E os adjuntos químicos?

Outra característica das cervejas populares é a parte química, elas utilizam estabilizantes, usados para melhorar, corrigir e acelerar processos de produção e antioxidantes, para retardar a oxidação, para que a bebida dure mais tempo nas prateleiras e aguente viagens longas, ficando assim com prazo de validade estendido. Mais um ponto para barateá-la, pois, devido seu grande prazo de validade, ela pode ser produzida em escalas ainda maiores.

Não achei estudos que comprovassem que esses “antes” afetassem o sabor da cerveja. Também não tenho formação para afirmar se fazem mal para saúde. O que sei é que sempre que pudermos escolher um produto natural, sem conservantes, nossa saúde agradece!

Obs: Algumas cervejas artesanais usam esses “antes”.

Curiosidades:

– As cervejas populares representam 98% do mercado cervejeiro.

– 4 grupos detêm 98,8% do mercado cervejeiro brasileiro

cervejas industrializadas
Imagem: http://www.uzmenino.com

 

Cerveja Artesanal Mineira

Vamos falar da minha terra?

É, Minas Gerais vem crescendo muito quando o assunto é cerveja artesanal. Não temos apenas cachaça de primeira, temos cerveja também!

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Minas Gerais é o estado do Brasil que obteve o maior número registro de produtos cervejeiros em 2018. Veja o mapa.

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Voce sabia - cerveja mineiraPor se destacar na fabricação de cervejas artesanais e pela criatividade, Minas Gerais é considerada a Bélgica brasileira. De acordo com o Ministério da Agricultura em Minas Gerais, existem atualmente 241 microcervejarias registradas aqui. O número deu um grande salto, contando que eram 12 as cervejarias artesanais em 2003.

A maior parte delas (51) está na Região Metropolitana de Belo Horizonte (números de 2018). Destaque para Nova Lima, que é a segunda cidade do país com o maior número de cervejarias registradas. São 19 cervejarias ao todo. Isso porque a legislação da cidade dá incentivos fiscais a esse tipo de negócio e, como fica ao lado de Belo Horizonte, é mais fácil o abastecimento da demanda da capital.

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Ainda segundo o MAPA, Minas Gerais é o 3o estado do Brasil com maior número de cervejarias, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul (186), seguido de São Paulo (165). Nesses estados, houve expansão superior a 30% em relação ao ano de 2017. Além disso, em 2018, Minas bateu o recorde, com produção média de 2,1 milhões de litros por mês, ou 25 milhões no ano.

Além do aumento de cervejarias e produções, tem aumentado, também, o interesse por este tipo de cerveja por aqui. Com isso, cresceu o número de cursos a respeito do assunto; aumentou a quantidade de estilos e marcas vendidos em grandes redes de supermercados; aumentaram as lojas especializadas e bares especializados; bares que antes vendiam somente cerveja comercial, hoje, tem artesanal; e aumentou a quantidade de eventos cervejeiros por todo o estado.

Na “Agenda de Eventos” desse blog você confere todos os eventos com cerveja artesanal programados para o estado de Minas Gerais.

Características das cervejas mineiras

Segundo a Acerva Mineira (Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais), estima-se que no Estado são produzidos 55 dos 120 tipos de cerveja existentes no mundo (informações de 2017). São muitas opções por aqui e, a maioria, prima pela qualidade.

A principal característica das cervejas mineiras, como já falei, é a criatividade. São incorporados novos elementos na produção, como frutas secas, chocolate, açúcar mascavo, gengibre e mel. Além disso, para se ter um aroma diferente, algumas cervejarias maturam a cerveja em barris de amburana, madeira usada para envelhecer cachaça. E ficam sensacionais!

 

Algumas fábricas têm a opção de visitação. Fui na da Cervejaria Backer (BH) e gostei bastante. Outras que sei que oferecem esse tour são; Wäls (BH), Uaimmí (BH), Hofbräuhaus (BH), Krug Bier (Nova Lima), Verace (Nova Lima), Küd (Nova Lima), Falke Bier (Ribeirão das Neves), Loba (Santana dos Montes), Fritz (Monte Verde), Fürst (Formiga).

 

Clique aqui para ver a visita que fiz. 

Curiosidadeskrug-bier

– A primeira cervejaria artesanal foi a Krug Bier, surgindo em 1997, seguindo uma tradição austríaca na produção das cervejas. Tem como carro chefe sua linha de cervejas, que foi nomeada em homenagem à terra natal de seu fundador: a Áustria;

– Em seguida surgiu a Backer (1999) e a Wäls (2000);

– Em 2015, a Wäls é a primeira cerveja artesanal comprada pela Ambev. E continua com sua fabricação independente;

– Atualmente, a Backer é a maior cervejaria do estado, com produção média de 240 mil litros/mês, num total de 20 rótulos (2018).

– Em 2016, a Wäls ganhou o título de melhor cerveja do estilo belgian strong ale do planeta na World Beer Cup, a Copa do Mundo da Cerveja;

– As cervejarias mineiras têm se destacado nas premiações brasieleiras também.

– Em 2019, as cervejarias mineiras conquistaram 31 medalhas no maior concurso de cervejas (Concurso Brasileiro de Cerveja), quando a Cervejaria Backer foi escolhida a melhor cervejaria artesanal brasileira de grande porte.

– O portal do Estado de Minas mapeou algumas cervejarias de Minas, confira clicando aqui.

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Foto: Outra Visão Comunicação

 

Cerveja Artesanal no Brasil

brasil cerveja artesanal
Cervejaria Ritter e Filhos – 1943 – Porto Alegre

Apesar dos historiadores contarem que, em 1846, Georg Heinrich Ritter instalara uma pequena linha de produção de cerveja na região de Nova Petrópolis – RS, criando a marca Ritter, a principal parte da história da cerveja artesanal/especial no Brasil é muito recente. Elas só ganharam força nos anos 1990, quando surgiu um maior número de fábricas.

Em 1995, surge a primeira microcervejaria do Brasil, a Dado Bier. Em seguida, em 1996, nasce a Cervejaria Colorado. E, aqui em Minas, a Krug Bier surge em 1997 e a Wäls em 1999.

Foi em 2005, que explodiu ainda mais o surgimapa artesanalmento de cervejarias artesanais, tendo no mercado um crescimento impressionante.

De acordo com a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), em dez anos o Brasil foi de 70 para 700 cervejarias, fora as que não possuem registro. Em 2018, por exemplo, cerca de 185 novas fábricas foram registradas, um crescimento de 35% no ramo.

As cervejarias brasileiras têm influências das grandes escolas cervejeiras, porém, elas se sentem à vontade para inovar. Pelo fato de ter influências de diversas nacionalidades, a cerveja nacional assimilou diversos estilos e não ficou presa a regras das escolas de cervejas clássicas. Lembrando, assim, a escola americana, que inovou não somente em insumos, mas também em seu uso e adaptações dos estilos clássicos para seu paladar (confira o post sobre a Escola Americana).

Mesmo com o mercado em expansão, o consumo dessas cervejas ainda é pequeno, representando entre 1% e 2% do volume total de cervejas consumidas no país e, além disso, os investimentos na área ainda são baixos. Temos muito que evoluir ainda, mas estamos no caminho!

E a tal Escola Cervejeira Brasileira?

Com toda essa empolgação e17008_large com a criatividade dos nossos mestres cervejeiros a mil, impulsionados pela diversidade dos nossos ingredientes nativos, muitos falam da tal Escola Cervejeira Brasileira.

Como não sou especialista na área, resumi alguns pontos que pesquisadores e especialistas acham sobre o Brasil se tornar uma escola cervejeira. Segundo eles, o Brasil deve:

– Possuir um mercado consumidor maduro, capaz de absorver uma boa diversidade de estilos e assim fomentar a criatividade e a competição. Para influenciar o mundo você tem que ser forte dentro do seu país. O que não é o nosso caso;

– Ser capaz de gerar um perfil próprio de consumo, criando adaptações e estilos para atender este perfil de mercado interno. Para isso você precisa do tal consumidor maduro;

– Ter o reconhecimento da identidade dos aspectos culturais, históricos e/ou inovação no modo de elaborar e consumir.

Portanto, o Brasil tem potencial, mas isso não vai acontecer de uma hora para outra e nem será fácil. Antes de se criar uma cultura cervejeira, é necessário criar um mercado, é preciso ter cautela.

Percebemos que aumentou bastante o número de bares e supermercados que oferecem a cerveja artesanal/especial. Aqui em Minas Gerais, cresceram os festivais e eventos com chope artesanal, além de muitas lojas e cursos especializados. Isso é ótimo! Com isso, muitos passam a ter acesso e passam a pensar nas artesanais como uma opção de consumo.

Na minha humilde opnião, as cervejas artesanais ainda não atingiram um público maior por causa dos preços praticados. Com valores mais baixos, teremos mais pessoas consumindo, tornando-se cada vez mais exigentes, buscando rótulos com melhores ingredientes e ajudando, assim, a criar um perfil de consumo.

Mas, sei que por traz desses altos valores tem muita discução como impostos, importação de produtos, ingredientes de qualidade. Isso é assunto para outra oportunidade. E o que nos resta? Rezar e beber!

índice

Curiosidades:

– As cervejarias artesanais são responsáveis por produzir 7,5 mil produtos diferentes.

–  As produtoras da bebida estão concentradas no Sul (42%) e no Sudeste (41%) do país.

– O menor índice está no Norte, com 3%.

– Segundo dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) de 2018, o maior número de cervejarias está em Porto Alegre com 35 cervejarias registradas. A segunda cidade com maior cervejarias registradas é Nova Lima com 19 e a terceira é Caxias do Sul com 16. Veja o ranking abaixo.

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Então é isso! Deu sede. Vamos tomar uma?