O que é o IBU da cerveja e como entendê-lo?

Dando continuidade à nossa série sobre como ler o rótulo de uma cerveja, hoje vamos falar sobre uma outra sigla muito importantes. Quando olhamos um rótulo de cerveja artesanal, é comum ver a sigla IBU acompanhada de um número. Muitos bebedores já sabem o que é, mas, você sabe entender todo o significado daquele número?

IBU vem do inglês International Bitterness Unit, ou Unidade Internacional de Amargor. Esse valor representa a escala mundial para medir o amargor de uma cerveja. Quanto mais baixo for o valor, menos amargor é sentido na cerveja, assim, quanto maior o valor mencionado, mais amarga vai ser a cerveja.

De onde vem o amargor da cerveja?

O principal responsável pelo amargor é o lúpulo, ingrediente que além de trazer aromas cítricos, florais ou resinosos, também libera substâncias amargas durante a fervura do mosto. Mas não é só ele: o malte torrado também pode contribuir com notas de amargor, principalmente em estilos escuros, como Stout e Porter.

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Por que o IBU é importante?

Saber interpretar esse número ajuda a escolher melhor a sua cerveja. Quem prefere sabores mais suaves deve evitar rótulos com valores muito altos de IBU, enquanto quem gosta de intensidade e amargor marcante pode ir direto nas opções com IBU elevado.

Escala de amargor

  • 0 a 20 IBU → Cervejas leves, com pouco ou nenhum amargor perceptível (ex.: American Lager, Witbier).
  • 20 a 40 IBU → Amargor moderado, equilibrado com o malte (ex.: Pale Ale, Amber Ale).
  • 40 a 70 IBU → Amargor intenso, já bem presente na boca (ex.: IPA, Double IPA).
  • Acima de 70 IBU → Amargor extremo, para paladares que gostam de desafio (ex.: Triple IPA).

Algumas cervejas chegam a ultrapassar os 100 IBU, mas vale lembrar: a percepção humana tende a saturar em torno de 80 a 100 IBU. Ou seja, mesmo que o número suba muito, o nosso paladar não consegue sentir o que passar disso.

Medindo o IBU

O IBU pode ser medido através de análise química em laboratório, onde também são usados equipamentos como o espectrofotômetro.

Existem algumas fórmulas específicas. Mas aí a gente deixa para os especialistas.

Então, qual escolher?

O IBU não indica qualidade, mas estilo e intensidade. Vale combinar esse número com outras informações do rótulo, como o teor alcoólico (ABV), sigla que falamos no último post, para ter uma ideia mais completa do que vai encontrar no copo.

Mas, no geral, é o seguinte:

– Gosta de cervejas mais leves, menos amargas? Pegue aquelas que indicam ter o IBU baixo.

– Quer experimentar algo mais forte em relação ao amargor? Escolha uma cerveja com o número do IBU mais alto.

Assim, da próxima vez que pegar uma cerveja e ver o número de IBU no rótulo, você já sabe exatamente o que esperar no primeiro gole!

Curiosidades

– IBUs de algumas cervejas que não marcam esse valor no rótulo:

Skol Puro Malte: 8 IBU;
Brahma: 10 IBU;
Stella Artois: 16 IBU;
Heineken:19 IBU

– Cerveja mais amarga do mundo: A Alpha Fornication da Flying Monkeys, com 2.500 IBUs, foi considerada a cerveja mais amarga do mundo. É uma Imperial IPA com 13,3% de teor alcoólico. Não existe mais!

– A cerveja mais amarga do Brasil é a cerveja 1000 IBU da Cervejaria Invicta, uma Imperial IPA.

Sobre estilos: IPA

taça-ipa Então, hoje, vamos falar da queridinha de muitos e que tomou conta do gosto e dos eventos cervejeiros? Sim, estou falando dela: A IPA. Os lupulomaníacos até choram! Primeiro, vou começar com a história dela, que alguns dizem não ser verídica, mas… Eu não estava aqui pra ver, vamos ao que nos contaram. Segundo historiadores, lá no século XVIII, quando os ingleses colonizaram a Índia, haviam oficiais britânicos que moravam na Índia. Naquela época, o calor era muito bravo e a água potável era bem escassa. Para resolver esse problema, os ingleses começaram a levar cervejas da Inglaterra para a Índia. Como o caminho era longo e as cervejarias não usavam conservantes artificiais, assim, as cervejas estragavam. ipa-cerveja O que eles pensaram? “Vamos colocar uma dose extra de lúpulo, que é um conservante natural (já falei sobre ele aqui), assim a cerveja resistirá alguns meses de viagem.”. Assim, eles passaram a colocar na tradicional Pale Ale (que também já falei aqui) uma quantidade maior de lúpulo. Com isso, a cerveja que era Pale Ale mudou sua característica, ficando com o aroma mais definido e fresco, mais amarga e com o teor alcoólico mais alto. Para diferenciá-la da outra, passaram a chamá-la de Índia Pale Ale, a famosa IPA. Principais características lúpulo-640x340O amargor marcante é sua principal característica. Nela, os maltes ficam bem discretos, mas têm aqui a função de contrabalancear com o lúpulo para a cerveja não ficar super amarga. Mas o lúpulo não vai dar somente o amargor, ele dita o aroma também. Uma boa IPA tem que ser aromática. Algumas, só de abrir a garrafa, já vem aquele aroma gostoso. Os mais encontrados são os cítricos. São cervejas super refrescantes. Sua cor deve ser de dourado a acobreado. Apresentam um teor alcoólico que normalmente vai de 5,5 a 7,5%. Seu IBU padrão vai de 40 a 70. Já uma Imperial IPA pode ir até 120. Vamos falar então desses sub estilos? Alguns sub estilos de IPA: 

Sobre estilos: Pale ale

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A Pale Ale é um dos estilos de cerveja mais antigos do mundo. Surgiu na Inglaterra, por volta do ano 1640, onde ela continua sendo super popular.

Em sua fabricação, utiliza-se leveduras Ale, que trabalham em temperaturas mais altas que as Lager, sendo de alta fermentação.

ubk10270-daredevil-pale-aleA expressão Pale Ale é utilizada para indicar uma cerveja pálida. Pois, quando ela surgiu, era uma cerveja mais clara. Porém, com o passar do tempo, foi surgindo variação no estilo e em sua coloração, indo do dourado ao acobreado. Mas, o nome se manteve.

Suas principais características: Além da variação na tonalidade, as Pale Ale tem aroma terroso e herbal. Pode ganhar um sabor que remete ao caramelo. As notas frutadas também podem ser sentidas em algumas.

Quanto ao amargor, ele vai de médio a alto. Já quanto ao dulçor, varia de médio a baixo.

Se quiser começar a sair da cervejas mais leves, como pilsen e weiss, e começar a tomar as cervejas um pouco mais amargas, aposte na Pale Ale.

Como é um estilo versátil , harmoniza com diversos pratos e combina com qualquer clima. É um estilo que não tem erro. Eu adoro me perder nas Pales.

Fica a dica!

E como pronuncia “Pale Ale”? A forma certa de falar é “peioueiou”, mas fale como quiser, vão entender de qualquer forma.

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Esse estilo possui diversos sub estilos. Vou falar sobre alguns:

English Pale Ale: costumam ter coloração dourada ao cobre, com notas herbáceas e terrosas de lúpulos ingleses. O amargor é médio, com forte presença de lúpulo no sabor. O corpo é médio a alto e possui notas de malte no sabor e aroma que podem lembrar caramelo.

apaAmerican Pale Ale: são caracterizadas pelos aromas cítricos e florais, provenientes das variedades americanas de lúpulo. Seu corpo, amargor e sabor de lúpulo são médios. O malte fica em segundo plano. O aroma frutado proveniente da levedura deve estar presente.

Belgian Pale Ale: A versão belga desse estilo de cerveja, com coloração clara e sabor leve e equilibrado.

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India Pale Ale: A popular IPA, é a queridinha devido a adição maior de lúpulo em sua composição, o que garante uma intensidade de amargor no sabor. Farei um post especial sobre ela.

É sub estilo demais, cada uma mais gostoso que o outro. Aos poucos a gente vai tomando e aprendendo um pouco mais!

Cheer!

#TBT: Ipa Atomica – Asado – Mercado del Puerto (Montevidéu)

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O #tbt de hoje é, também, com uma cervejaria artesanal uruguaia.

Essa é a IPA Atômica, uma IPA da cervejaria Cabesas Bier. Ela tem um aroma cítrico e frutado. Seu sabor tem um amargor equilibrado pela doçura do malte acentuado pelo processo de decocção. Ela não é uma IPA para ipeiros, pois não é tão amarga. Tem um finalzinho amargo super bebível. Seu teor alcoólico é de 6.7% e o IBU é 50.

É uma cerveja bem premiada: Medalia de Bronze em Porto Alegre (2010); Medalia Bronze em Blumenau (2012); Medalia de Prata em Buenos Aires (2013) e Menção Especial em Montevidéu (2016).

Sobre a cervejaria, eu já falei em um post anterior!


20180406_145555O prato é uma comida típica do Uruguai: o Asado de Tiras, um corte nobre da costela do boi, macio e suculento. Ele vem com um molho para temperar, lembrando que as carnes do uruguai vem sem sal nenhum. E pedimos uma batata frita (que veio com casca).

Comemos no El Palenque, que fica no Mercado do Porto, que vai ser o Ponto Turístico desse TBT.


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O Mercado del Puerto como o nome diz, fica próximo ao porto de Montevidéu. Ele não é como os mercados centrais daqui que estamos acostumados, com muita coisa, muita gente, aquela bagunça organizada. Esse é mais arrumadinho, com vários restaurantes servindo as típicas parrilladas. O que achei bem chato são os garçons abordando a gente o tempo inteiro igual na Passarela do Álcool, em Porto Seguro.

O mercado não é grande. Vale a pena parar lá para almoçar.

Além dos restaurantes, tem bares com cervejas artesanais e importadas, lojinhas de artesanatos, lembranças da cidade e doces e chocolates locais.

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Aliás, foi lá que eu comi o melhor alfajor dessa viagem que fiz Uruguai-Argentina.

Se for em Montevidéu, não deixe de fazer esse passeio! 😉