Cervejas para quem “não gosta de cerveja”: por onde começar?

Você já ouviu alguém dizer que “não gosta de cerveja”. Na maioria das vezes, isso acontece porque a pessoa só teve contato com cervejas comuns, sem sabor, que não favorecem quem está dando os primeiros passos. Mas a verdade é simples: existe uma cerveja para cada paladar. E para quem ainda não encontrou a sua, alguns estilos podem facilitar bastante esse início.

Pensando nisso, preparei uma lista rápida e clara com estilos que costumam conquistar até quem sempre disse que não gostava da bebida. Todos têm perfis mais leves, frutados, refrescantes e com pouco ou nenhum amargor.

Fruit Beer

As Fruit Beers costumam ser a melhor porta de entrada. Elas destacam sabores naturais de frutas, trazendo um perfil aromático e refrescante que lembra muito drinks leves. A intensidade do malte é baixa, o amargor praticamente não aparece, e a sensação geral é de algo fácil de beber. Para iniciantes, essa familiaridade com o sabor das frutas costuma quebrar a resistência inicial.

Witbier

A Witbier é uma clássica cerveja belga feita com trigo, casca de laranja e coentro. O resultado é uma bebida leve, cítrica e com um frescor inconfundível. Ideal para quem prefere bebidas suaves, com quase nenhum amargor. É um dos estilos mais recomendados para quem está começando a explorar o universo cervejeiro.

Weissbier

Outra opção de trigo, mas agora com perfil mais frutado. A weissbier é m estilo alemão que traz notas que lembram banana e cravo, além de um corpo macio. Ela tem bastante personalidade sem ser pesada, é marcante, mas mantém a suavidade. Para iniciantes, costuma ser uma surpresa positiva.

Catharina Sour

Estilo brasileiro que ganhou o mundo, a Catharina Sour combina leve acidez com muita fruta. É refrescante, fácil de beber e tem uma pegada parecida com bebidas tropicais. Mesmo quem torce o nariz para cerveja costuma se encantar com a leveza e a proposta mais “verão” desse estilo.

Belgian Blonde Ale

A Belgian Blonde é equilibrada e amigável. Tem leve dulçor, corpo médio e quase nada de amargor. Apesar de trazer aromas e sabores mais complexos, continua sendo super acessível. É ideal para quem quer experimentar algo diferente, mas ainda não está pronto para estilos intensos.

Cream Ale

Leve, macia e super fácil de beber, a Cream Ale é uma das opções mais seguras para iniciantes. Tem perfil limpo, discreto e sem amargor, sendo uma excelente escolha para quem não gosta de sabores intensos.

Honey Beer

As cervejas com mel trazem dulçor suave, aroma agradável e um toque adocicado natural, sem pesar.
São perfeitas para quem gosta de bebidas doces e aromáticas, e geralmente agradam quem ainda não encontrou uma cerveja “para chamar de sua”.

Quem diz que não gosta de cerveja, na maioria das vezes, só não encontrou o estilo certo. A variedade é enorme e existem rótulos para todos os gostos, dos mais frutados aos mais suaves, dos levinhos aos aromáticos. Indicar esses estilos a um iniciante aumenta muito as chances de uma boa experiência.

Se você conhece alguém que vive repetindo que “não gosta de cerveja”, compartilhe essa lista. Quem sabe a próxima cerveja favorita dessa pessoa não está aqui?

Se você fosse uma cerveja, qual estilo seria?

Você já parou pra pensar qual estilo de cerveja combina mais com a sua personalidade?
Assim como a gente, cada cerveja tem seu jeito, seu ritmo e sua intensidade.
Tem as leves, as intensas, as diferentes, as clássicas e as polêmicas, e é isso que torna o mundo cervejeiro tão interessante.

Abaixo, preparei uma brincadeira: descubra qual estilo mais parece com você (ou com aquele seu amigo que todo mundo conhece bem 😜).

Pilsen – O tranquilo

Clássico, leve e fácil de gostar.
Quem combina com esse estilo é sociável, de boa com tudo e está sempre pronto pra um brinde.
É o tipo de pessoa que se adapta a qualquer rolê e agrada em todos os grupos.

Stout – O profundo

Intenso, reservado e cheio de conteúdo.
Quem é Stout costuma observar mais do que fala, mas quando se expressa, deixa marca.
Tem personalidade forte e prefere qualidade a quantidade, tanto nas conversas quanto nas cervejas.

IPA – O polêmico

Direto, marcante e cheio de opinião.
Ama intensidade, não foge de discussões e fala o que pensa, doa a quem doer.
Pode até dividir opiniões, mas nunca passa despercebido.

Witbier – O criativo

Leve, bem-humorado e fora da caixa.
Quem é Witbier tem sempre uma ideia nova, uma piada pronta ou uma boa história pra contar.
É aquele amigo que espalha energia boa por onde passa.

Belgian Dubbel – O misterioso

Elegante, introspectivo e cheio de nuances.
Quem combina com esse estilo é profundo, gosta de boas conversas e tem sempre algo interessante escondido nas entrelinhas.

Sour – O diferente

Espontâneo, ousado e imprevisível.
Quem é Sour não passa batido, tem seu próprio jeito e não tenta se encaixar em padrões.
Nem todo mundo entende logo de cara, mas quem entende… vicia.

APA – O equilibrado

Versátil, animado e sempre de bom humor.
Sabe equilibrar intensidade e leveza, trabalho e diversão.
É aquele que tá sempre pronto pro brinde e faz tudo parecer mais fácil.

E você?

Agora me conta: qual estilo é a sua cara?
É o tranquilo da Pilsen, o polêmico da IPA ou o diferente da Sour?
Deixa nos comentários e marca aquele amigo que é puro malte, lúpulo ou acidez! 😄

Oktoberfest: A maior festa da cerveja do mundo e suas curiosidades

Quando o mês de outubro é associado à cerveja, a gente não pensa em outra coisa que não seja Oktoberfest: a festa cervejeira mais famosa do mundo! Mas, se você acha que a Oktoberfest é só cerveja, está enganado! A festa mais famosa da Alemanha tem uma história cheia de surpresas e muitas curiosidades.

E que tal aprendermos um pouco mais sobre essa festa? Conhecimento nunca é demais!

A Oktoberfest surgiu de uma festa de casamento

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Em 1810, o príncipe Ludwig (ou Luís), depois coroado como Luís I da Baviera, casa-se com a princesa Teresa da Saxônia-Hildeburghausen, no dia 12 de outubro. Todos os moradores de Munique foram convidados para a festa do casamento. O evento durou uma semana e aconteceu em um grande campo perto dos portões da cidade que, depois, foi batizado de Theresienwiese (Campo de Teresa) em homenagem à noiva.  Ainda hoje, é neste mesmo parque que acontece a Oktoberfest de Munique.

O sucesso da festa foi tão grande que levou a novas edições todos os anos, virando tradição em Munique.

Desde 1872, a festa começa no sábado, depois de 15 de setembro, para aproveitar o resto do calor, já que outubro é frio na Alemanha. O evento começa às 12 horas, com a tradicional cerimônia de abertura “O’zapft is” que significa “O barril está aberto!”.

“O’zapft is”! Essas são as palavras gritadas pelo prefeito de Munique todo ano e indica o exato momento em que se reinicia a festa de casamento celebrada há mais tempo no mundo. Nesse momento, o prefeito fica com um martelo de madeira na mão e com uma torneira. Bate o martelo na torneira em um barril de chope até estourá-lo e o chope sair. Aí sim, todas as cervejarias estão liberadas para começar a servir as cervejas. A festa se encerra duas semanas depois, no primeiro domingo de outubro.

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Cerveja era proibida!

Curiosamente, a cerveja era proibida nas primeiras edições. A bebida só foi aparecer em 1918, mais de cem anos depois, e virou marca da festa. Hoje, Munique recebe 6 a 7 milhões de pessoas que bebem cerca de 7 milhões de litros de cerveja a cada Oktoberfest.

Uma curiosidade de 2025: O preço de um litro de cerveja (Maß) na Oktoberfest de Munique 2025 varia entre €14,50 e €15,80 (R$ 92 a R$100), com a maioria das tendas oferecendo a caneca por cerca de €15 (R$ 95). O preço é estabelecido por cada dono de tenda, e não pela cidade de Munique. 

Apenas seis cervejarias podem participar da festa!

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Outra curiosidade é que apenas seis fabricantes são autorizados a fornecer a bebida durante a Oktoberfest: Paulaner, Hofbräu, Löwenbräu, Spaten, Hacker-Pschorr e Augustiner. Somente cervejas provenientes de uma dessas cervejarias de Munique e que atendam às especificações da marca protegida “Oktoberfestbier” podem ser servidas na Oktoberfest. 

A honraria requer que todos os produtores se enquadrem em dois requisitos básicos: eles têm de respeitar a Lei da Pureza da Bavária, um tratado de regulamentação na produção de cerveja assinado em 1516, e devem concentrar a produção dentro do perímetro urbano de Munique.

Existe um estilo oficial de cerveja da Oktoberfest

Hoje, a cerveja oficial da Oktoberfest é a Oktoberfestbier. Como o nome foi registrado, somente essas cervejarias podem usar essa denominação.  Caso outra cervejaria faça o estilo, tem que chamá-la de Festbier.

Desde 2022, a cerveja da Oktoberfest possui o selo de origem “Indicação Geográfica Protegida” da União Europeia. Isso garante que a cerveja da Oktoberfest seja produzida exclusivamente em Munique, de acordo com suas especificações, e que seja a cerveja servida na Oktoberfest de Munique. Isso confirma e protege em toda a UE o compromisso da Associação de Cervejarias de Munique: a cerveja da Oktoberfest é o resultado de uma interação única entre a produção cervejeira local e a cultura festiva, que só pode existir em Munique. Onde quer que você aprecie sua cerveja da Oktoberfest, você pode ter certeza de que ela é a original da Oktoberfest.

Porém, esse estilo se tornou oficial somente em 1990. Antes disso, a cerveja oficial era a Marzën (“março” em alemão), que era quando a cerveja era produzida para ficar pronta em outubro. É um estilo mais encorpado e com sabor maltado.

Aqui, eu conto mais sobre as cervejas oficiais da Oktoberfest.

Os pavilhões da Oktoberfest

Cada uma das seis cervejarias tem seu pavilhão próprio na Oktoberfest, cada um com um público específico por tradição mesmo. No total, são 14 tendas/pavilhões. Cada um comporta entre 4 mil a 11 mil pessoas e são erguidos somente para a festa. Ah, e não precisa pagar a entrada na festa, apenas o que consome. Por isso, quando lota, eles fecham os portões. E tem mais, você só pode beber se estiver sentado dentro de alguma tenda. Do lado de fora é proibido beber.

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Nem só de cerveja vive a Oktoberfest

Além da cerveja, a festa é marcada pela gastronomia, música, dança, artes cênicas, parques para as crianças e muita história contada e exaltada por um povo que faz questão de sair às ruas, ainda hoje, com trajes de época.

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As bandas, sempre tocam músicas tradicionais alemãs que agitam todos. De tempo em tempo, é tocado o refrão musical símbolo da Oktoberfest: Ein prosit, ein prosit der gemütlichkeit (um brinde, um brinde ao ambiente acolhedor). Neste momento, todos se levantam, erguem os copos, movimenta-os para os lados e brindam efusivamente, sempre olhando nos olhos dos companheiros, como manda a tradição alemã. Eles brindam sem dó, por isso os copos são de vidros grossos, bem resistentes.

Outra coisa que chama a atenção são as garçonetes que levam as enormes canecas cheias para as mesas. Algumas carregam até 12 de uma vez. Cê besta!

oktober

A festa acontece no mundo inteiro

Com a imigração dos alemães, a festa mais popular da Alemanha espalhou-se pelo planeta. Hoje, existe Oktoberfest em diversos países. A mais famosa do Brasil é a que acontece em Blumenau, Santa Catarina, considerada a quinta maior Oktoberfest do mundo (dados de 2024)!

Maiores Oktoberfests do mundo

FestaLocalPúblico estimado / destaque
Oktoberfest de Munique (Alemanha)MuniqueCerca de 7 milhões de visitantes anualmente. É a original e a maior em escala global.
Qingdao International Beer FestivalQingdao, ChinaAtraiu um público de 6,36 milhões de pessoas em que consumiram aproximadamente 2,8 milhões de litros de cerveja em 2024. É considerada a maior da Ásia.
Oktoberfest ZinzinnatiCincinnati (Ohio, EUA)Cerca de 800 mil pessoas participaram da edição 2024 da Oktoberfest de Cincinnati, famosa por sua “Corrida Anual dos Wieners”, onde cães da raça Dachshund competem. É a maior dos EUA.
Kitchener-Waterloo OktoberfestOntário, CanadáAs cidades-irmãs de Kitchener e Waterloo abrigam a maior Oktoberfest do Canadá. Anualmente, o evento atrai cerca de 700 mil pessoas.
Oktoberfest de BlumenauBlumenau, BrasilMaior da América Latina. Em 2024, atraíram cerca de 579.222 visitantes. Um aumento significativo de 27,5% em relação ao ano anterior

Curiosidade

Foi aprovado no dia 15 de setembro de 2021, na Espanha, o registro da marca Oktoberfest, solicitada pela prefeitura de Munique, cidade da maior festa de chope do mundo. Essa decisão dá a Munique o poder de restringir legalmente cópias do festival. A medida, aprovada pelo EUIPO (Instituto de Propriedade Intelectual da União Europeia), foi motivada após Dubai anunciar que faria uma festa no mesmo estilo. E que seria a oficial de 2021.

No Brasil

blumenau

Vários estados realizam suas Oktoberfest. Porém, é a de Santa Catarina a mais famosa. A primeira edição aconteceu em 1984, por um motivo trágico. Naquele ano, a região do Vale do Itajaí ficou embaixo d’água devido às enchentes. Com isso, resolveram realizar, em Blumenau, uma edição da festa de Munique para resgatar a autoestima da população e ajudar no reaquecimento da economia. Em poucos anos, tornou-se o maior encontro de cervejeiros do país e uma das festas mais conhecidas entre os brasileiros, amantes ou não da cerveja.

chope metro

A Oktoberfest de Blumenau se inspira na original, com bastante cerveja, além dos desfiles de grupos nacionais e internacionais, competições de tiro ao alvo, de cerveja em metro, no qual o candidato precisa beber quase um litro (de cerveja zero álcool) numa só golada e no menor tempo possível, apresentações musicais, paradas de carros alegóricos e gastronomia típica da Bavária. Algumas pessoas, também vão com roupas típicas da Bavária. Inclusive, para quem vai com os trajes conforme exigido pelo festival, tem a entrada liberada gratuitamente. A média é que 600 mil pessoas passem pelo Parque Vila Germânica todos os anos. Ah, e diferente de Munique, aqui a festa acontece em outubro mesmo, dura 20 dias e tem diversas marcas de cervejas artesanais locais.

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A Vila Germânica parece uma cidadezinha, com construções típicas alemãs.

Estive na cidade durante o Oktoberfest de 2018. Veja como foi minha experiência aqui Oktoberfest Blumenau.

Ein Prösit!!!

Metanol na cerveja? O que dizem os especialistas sobre os riscos reais

Nas últimas semanas, o Brasil acendeu um alerta de saúde pública após casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas. O assunto tomou conta das redes e muita gente ficou em dúvida: será que existe risco na cerveja? Neste texto, reuni informações e falas de especialistas para esclarecer esse ponto e mostrar por que as cervejas continuam sendo seguras.

Depois de pesquisar bastante e assistir a vídeos de especialistas, como farmacêuticos e químicos, reuni aqui as principais informações para esclarecer esse tema. Não me aprofundarei em detalhes técnicos, pois sou sommelière de cerveja e não tenho conhecimento das demais especialidades, mas deixarei indicações de conteúdos para quem quiser entender ainda mais. E, como aqui o foco é cerveja, vou focar mais nela.

Casos recentes no Brasil

O número de notificações de intoxicação por metanol subiu para 225, com 15 óbitos registrados (dos quais 13 ainda sob investigação), segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado no último domingo (5/10). A maior parte dos casos, incluindo as duas mortes confirmadas, está em São Paulo.

A Polícia Civil de São Paulo investiga se os casos de intoxicação por metanol têm como origem garrafas de bebidas destiladas higienizadas com a substância. Esta é a principal linha de investigação das autoridades. Um homem apontado pela polícia como um dos principais fornecedores de materiais para a produção de destilados adulterados foi preso. As investigações revelaram que o detido criou uma rede para comprar garrafas de whisky, vodka e gin. Apontou também que ele era responsável pela lavagem dos vasilhames e, na sequência, pela recolocação de rótulos falsificados, tampas, selos de autenticidade e todos os itens para compor embalagens similares às originais.

Os policiais recolheram todo o material e estimam que foram apreendidas 20 mil garrafas. O responsável foi autuado por crimes contra a propriedade industrial e contra às relações de consumo.

Para os investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o comércio clandestino de bebidas funciona como um ciclo: há os falsificadores (destilarias clandestinas) que envasam as garrafas e, intermediariamente, há os criminosos que compram as garrafas, realizam a limpeza, rotulação e tampam as mercadorias para serem vendidas.

Agora que contextualizei, vamos lá!

Metanol x etanol: entenda a diferença

O metanol é um álcool, assim como o etanol — o que consumimos nas bebidas. Ambos são incolores, inflamáveis e têm cheiros semelhantes, o que dificulta diferenciá-los.

Mas há uma diferença essencial: o metanol é extremamente tóxico e não deve ser ingerido.

No corpo, ele é transformado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias que podem causar cegueira, falência de órgãos e até morte.

Como o metanol aparece nas bebidas

Quando se pensa em produção de bebidas com metanol, aquelas que mais oferecem risco de conter metanol em níveis perigosos são os destilados, como whisky, gin e vodka, principalmente, quando produzidos de forma clandestina. Elas são mais vulneráveis porque seu processo e valor tornam a adulteração mais atrativa para criminosos.

Segundo Thiago Carita Correra, doutor em química e professor do Departamento de Química Fundamental do Instituto de Química da USP, em entrevista concedida para o Uol, o metanol pode surgir em bebidas alcoólicas por erro no processo de produção ou por adulteração proposital.

Metanol nos destilados

Acidentalmente

O metanol pode aparecer nas bebidas destiladas por erros em processos de destilação, quando partes da bebida que contêm metanol não são corretamente separadas. Isso porque o metanol é gerado, naturalmente, durante o processo de fermentação da bebida alcoólica, porém ele precisa ser devidamente descartado. Concentrações extremamente baixas, de forma residual, até podem permanecer, mas inferiores às necessárias para causar a intoxicação, que já são baixas. O processo deve ser rigoroso, já que apenas 10 ml da substância já é suficiente para causar cegueira, e 30 ml é considerada a dose mínima fatal para um adulto.

Quer entender melhor sobre esse corte correto que deve ser feito durante a produção do destilado?

Confira aqui o vídeo do Jamal Abd Awadallak, PhD em Engenharia Química, em seu canal do Youtube, Beer School.

Propositalmente

Ana Elisa Gonçalves, PhD, Farmacêutica e Doutora em Ciências Farmacêuticas, na sua aula publicada no perfil do Instagram @alemdafarmacologia, explica que esse metanol pode ser mantido na bebida destilada de propósito, para reduzir os custos. A medida que a bebida fica na fervura, o metanol vai evaporando, porém diminui o rendimento da bebida. “Fábricas clandestinas que produzem bebidas alcoólicas, para aumentar seu lucro, acabam usando parte da fração contaminada que pode ter uma quantidade de metanol presente o suficiente para ser tóxico ou letal. Eles deixam de fazer o corte adequado na bebida para ela render mais”, explica Ana Elisa. E finaliza explicando quanto mais vezes a bebida for destilada, mais pura ela é.

Clique aqui para ver o vídeo divulgado na íntegra.

Nesta parte proposital, alguns veículos de comunicação têm falado sobre a hipótese de estarem colocando metanol no lugar do etanol por ser um produto mais barato, mas, segundo Jamal Abd Awadallak, não é um produto barato e nem fácil de conseguir.

E ainda, tem a hipótese que já citei anteriormente, da investigação da Polícia Civil de São Paulo sobre o uso de metanol na higienização de garrafas.

Até agora, não se tem nada concreto. Apenas especulações.

E as bebidas fermentadas como a cerveja, chope e vinho?

Para professor André Ricardo Alcarde, especialista em ciência e tecnologia de bebidas da ESALQ/USP, eem entrevista ao G1, a adulteração com metanol é improvável em bebidas fermentadas como cerveja e vinho, pela própria natureza do processo produtivo.

Metanol na cerveja: o que dizem os especialistas

Diversos especialistas confirmam que a cerveja não apresenta risco significativo de contaminação por metanol. Como é uma bebida fermentada, não destilada, os níveis da substância gerados naturalmente são mínimos e seguros. Além disso, não existiria ganho econômico em inserir o metanol (que é uma das hipóteses especuladas) já que a cerveja, em comparação aos destilados, é um produto mais barato.

O metanol pode ser liberado durante a fermentação por enzimas (pectinases) que agem sobre a pectina presente em frutas, mas o processo da cerveja não utiliza essas enzimas de forma a gerar grandes quantidades de metanol.

A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) explica, em nota publicada no seu perfil no Instagram, que pode haver formação de quantidades mínimas de metanol em fermentações contendo matérias-primas com componentes ricos em pectina, como cascas de frutas ou frutas. Porém, a quantidade de fruta usada é apenas um complemento, não é a base da cerveja. Segundo a Abracerva, algumas pesquisas apontam níveis inferiores ao limite de detecção durante a produção, o que garante a segurança para o consumo da bebida.

No comunicado, a associação informa que, em estudos sobre contaminação alcoólica, observa-se que concentrações de metanol em cervejas são tipicamente da ordem de 6 mg/L (miligrama por litro) a 27 mg/L. Esses valores são considerados absolutamente seguros conforme padrões internacionais, complementa.

O texto expõe que, nos casos da concentração típica máxima de 27 mg/L de metanol em cervejas, seria necessário o consumo diário de 296,3 litros da bebida para atingir o limiar de toxicidade de 8 gramas por dia.

Ainda de acordo com Jamal, a cerveja artesanal comum é muito segura, muito mais segura que qualquer outra bebida, por alguns motivos como a fermentação ser feita de forma controlada, ou seja, a levedura inserida não tem capacidade de produzir a enzima necessária para a produção de metanol, tem o pH baixo e tem baixo teor alcoólico, a quantidade de metanol é proporcional ao mosto fermentado, ao álcool gerado, ou seja, insignificante. Além disso, em estudo feitos, o nível de metanol na cerveja é menor que do suco de maçã.

E a falsificação de cervejas?

Ainda falando de cerveja, vão aparecer aqueles que vão falar da falsificação das cervejas industrializadas já registrada. Todos os casos que eu vi até hoje foram casos em que houve a alteração do rótulo e tampa das garrafas. Ou seja, criminosos pegam cervejas mais baratas e trocam os rótulos e as tampas para uma cerveja mais cara.

Por isso, também acredito ser mais difícil a hipótese de ter metanol na cerveja por motivo de lavagem da garrafa, como a polícia está investigando no caso das garrafas de destilados. No caso da cerveja, é muito mais barato apenas trocar o rótulo.

E o caso Baker?

Também vão falar do caso Backer. Naquele caso foi falha no processo industrial. Houve um vazamento de dietilenoglicol de uma serpentina (que estava furada) que refrigerava um dos tanques de cerveja, resultando na contaminação do produto. Ou seja, não teve relação com metanol nem com adulteração proposital.

Quer entender melhor? Indico a leitura dessa matéria: Intoxicação por metanol: caso é diferente do ocorrido com a Backer, em BH.

Latas são mais seguras

Se, mesmo com todas as informações, você ainda se sente inseguro, prefira cervejas em lata, que apresentam um processo de fechamento mais sofisticado em comparação com as garrafas, o que pode dificultar eventuais adulterações.

Segundo o professor do curso de Gastronomia do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e especialista em bebidas, Carlos Henrique de Faria Vasconcelos, em sua entrevista concedida à Itatiaia, as embalagens em lata oferecem uma proteção extra. “Os produtos enlatados são menos preocupantes porque, uma vez aberta, a lata não pode ser reaproveitada. O risco de adulteração nesse formato é menor, já que uma parte importante da cadeia de adulteração passa pelo reaproveitamento de garrafas”, explicou.

Essa recomendação vale também para quem consome destilados, já que é possível encontrar diversos produtos em lata como drinks prontos com vodka. Além disso, é possível achar vinho e até espumantes em lata.

Metanol no vinho

O metanol pode aparecer em pequenas quantidades nos vinhos, por causa da fermentação das cascas das frutas ricas em pectina.

Esses níveis são naturais e regulamentados, sem oferecer risco à saúde.

Orientação oficial

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou na quinta-feira (2) a recomendação de evitar principalmente os destilados, sobretudo os incolores, destacando que não são produtos essenciais.

“Recomendo na condição de ministro da Saúde, mas também como médico: evite, neste momento, ingerir um produto destilado, sobretudo os incolores, que você não tem a absoluta certeza da origem dele.”, afirma Padilha

Por fim, até o momento, foi divulgado que apenas produtos destilados foram adulterados, nenhum caso envolvendo cerveja. Tantos nas apreensões feitas pela polícia, quanto nos relatos dados pelas famílias das vítimas.

O que eu penso

A adulteração com metanol é um problema sério, mas, até o momento, restrito a bebidas destiladas ilegais. A gente sabe que, se tratando de Brasil, não se deve “colocar a mão no fogo” por ninguém, por isso, não vou afirmar aqui que a cerveja está 100% segura até que acabem as invstigações. As informações que temos até o momento estão aí, vai de cada um escolher o que fazer com elas e seguir sempre o recomendado que é procurar por produtos que você já conheça, que sabe da procedência. Eu vou continuar tomando as cervejas artesanais que confio e torcendo para que isso tudo se resolva logo.

Ainda assim, vale o lembrete: toda bebida alcoólica deve ser consumida com moderação. Informação e responsabilidade são as melhores defesas de quem aprecia uma boa cerveja.

Fontes: CNN, O Globo, O Tempo, G1, portal Jornal Estado de Minas, Itatiaia, canal Beer School (YouTube) e perfil @alemdafarmacologia (Instagram).

Dicas de pubs com rock e cerveja artesanal em BH: a combinação perfeita

Rock e cerveja artesanal têm muito em comum: ambos carregam atitude, autenticidade e paixão. Em Belo Horizonte, essa sintonia ganha força em pubs que unem a energia das bandas de rock ao vivo com torneiras e cartas de cerveja que valorizam a cena artesanal.

Se você é fã de boa música e de uma cerveja especial, confira esta seleção que eu fiz com 10 pubs de BH que oferecem shows de rock e uma ótima variedade de cervejas artesanais.

Lembrando que, nas próximas semanas eu vou falar um pouco de alguns deles lá no Instagram @cervejeirauai. O Beerstock Pub e o The Bridge Pub já passaram por aqui, por isso, vou deixar o link em cada um deles para que você possa conferir.

1. Why American Pub

📍 Avenida Francisco Sá, 66 – Prado
Aqui você encontra chopes da Cervejaria Slöd e cervejas em garrafa das cervejarias Albanos, Brüder, Verace, Blue Moon e Lagunitas.

Clique aqui e confira o reels que fiz de lá!

2. Underground Black Pub

📍 Avenida Itaú, 540A – Dom Cabral
O pub oferece chopes da Cervejaria Läut e cervejas em garrafa da Läut, Eisenbahn e Therezópolis.

3. Mister Rock Bar

📍 Avenida Teresa Cristina, 295 – Prado
No Mister Rock, você encontra chopes e cerveja em garrafa da Cervejaria Läut.

4. Chopperhead Garage

📍 Rua Cássia, 26 – Prado
Na Chopper, você encontra chopes e cervejas em garrafa da Eisenbahn, Lagunitas, Blue Moon, Baden Baden e Therezópolis.

5. Caverna Rock Pub

📍 Rua dos Tupis, 1448 – Barro Preto
O Caverna é um pub exclusivo da Cervejaria Läut, oferecendo chopes e cervejas em garrafa da marca.

6. Mulligan’s Pub

📍 Rua Pium-í, 229 – Cruzeiro
Por aqui, você encontra chope das cervejarias Black Princess e Albanos.

7. Carcamano Pub

📍 Rua Américo Magalhães, 617 – Barreiro
No Carcamano, a estrela é a Cervejaria Verace, com chopes e diferentes estilos de cerveja em garrafa.

8. Beerstock Pub

📍 Avenida Aggeo Pio Sobrinho, 20 – Buritis
O Beerstock é o mais cervejeiro dos pubs: são 20 torneiras de chopes artesanais de diversas cervejarias.

Confira aqui como foi minha visita por lá

9. The Bridge Pub

📍 Rua dos Timbiras, 834 – Funcionários
Oferece diversos estilos de chopes de cervejarias mineiras e cervejas em garrafa da Krug Bier.

Confira aqui como foi minha visita por lá.

10. Jack Rock Bar

📍 Avenida do Contorno, 5623 – Funcionários
O Jack conta com longnecks artesanais como Goose Island, Leffe e Hoegaarden, além de garrafas de 600 ml da Wäls e Colorado e chopes da Patagônia.

Seja para curtir um show com a galera ou descobrir novos rótulos artesanais, esses pubs são parada obrigatória para quem gosta de unir rock e cerveja de qualidade em BH.

Onde Beber Artesanal: Protótipo Bar, um paraíso para os cervejeiros

Se você gosta de bares com pegada descolada, ambiente descontraído e muita cerveja artesanal na torneira, o Protótipo Bar, em Belo Horizonte, é uma excelente opção. Localizado em um dos pontos mais boêmios da cidade, o bar tem aquela atmosfera acolhedora que te faz querer ficar por mais tempo.

O local

O bar tem um espaço muito gostoso, fica em uma galeria bem espaçosa e com muito verde entre as mesas. Ele combina mesas compartilhadas, mesas comuns, iluminação aconchegante e gente de todos os estilos que compartilha a mesma paixão: cerveja de qualidade. O público é bem variado: casais, turma de amigos e famílias estão por ali, brindando, se divertindo e batendo papo.

Para beber

Quando o assunto é o que beber, o Protótipo não decepciona. São 18 torneiras rotativas, sempre trazendo rótulos diferentes, com destaque para as cervejarias mineiras que estão presentes na maioria das torneiras. A proposta é justamente oferecer variedade e frescor, cada visita pode ser uma experiência nova. Dá para encontrar desde uma Pilsen bem feita até IPAs intensas e Sours refrescantes.

Eu pude experimentar algumas e, como disse, todas estavam frescas, na temperatura ideal e bem saborosas. Os valores variavam entre R$11 a R$23 dependendo do estilo. O tamanho do copo é de 300ml. Além de chope, eles têm coquetéis e bebidas de dose.

Para comer

E claro, cerveja boa pede comida à altura. O cardápio é enxuto, mas certeiro, com opções que harmonizam bem com os estilos da casa: porções menores, médias e maiores pensadas para compartilhar, além de hambúrgueres. Os pratos são bem diferentes e criativos. Deu vontade de voltar para comer outros.

De entrada pedimos batata rústica com molho BBQ caseiro (R$38) e para fechar fomos de Pé na Jaca: Bife de chorizo, linguiça artesanal, queijo coalho, acompanhados de farofa de manjericão e chimichurri (R$115). Veio na chapa fervendo, daquele jeito. Que prato delicioso! O corte da carne veio do jeito que pedimos e serviu muito bem duas pessoas, comendo bem.

O Protótipo Bar entrega exatamente o que um cervejeiro espera de um bom lugar para beber artesanal: variedade, ambiente descontraído, uma curadoria que mostra respeito pela cena cervejeira e opções criativas de petiscos. É um bar que vale a visita, seja para a primeira rodada ou para fechar a noite. Aliás, foi o primeiro bar de cerveja artesanal que conheci na vida, lá em 2017, de lá para cá o bar só evoluiu e tem se adaptado de acordo com as necessidades do mercado. Recomendo e quero voltar!

📍Protótipo Bar
 Rua Professor Galba Veloso, 206, Santa Tereza
 Belo Horizonte/MG
Instagram: @prototipocervejas

O que é o IBU da cerveja e como entendê-lo?

Dando continuidade à nossa série sobre como ler o rótulo de uma cerveja, hoje vamos falar sobre uma outra sigla muito importantes. Quando olhamos um rótulo de cerveja artesanal, é comum ver a sigla IBU acompanhada de um número. Muitos bebedores já sabem o que é, mas, você sabe entender todo o significado daquele número?

IBU vem do inglês International Bitterness Unit, ou Unidade Internacional de Amargor. Esse valor representa a escala mundial para medir o amargor de uma cerveja. Quanto mais baixo for o valor, menos amargor é sentido na cerveja, assim, quanto maior o valor mencionado, mais amarga vai ser a cerveja.

De onde vem o amargor da cerveja?

O principal responsável pelo amargor é o lúpulo, ingrediente que além de trazer aromas cítricos, florais ou resinosos, também libera substâncias amargas durante a fervura do mosto. Mas não é só ele: o malte torrado também pode contribuir com notas de amargor, principalmente em estilos escuros, como Stout e Porter.

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Por que o IBU é importante?

Saber interpretar esse número ajuda a escolher melhor a sua cerveja. Quem prefere sabores mais suaves deve evitar rótulos com valores muito altos de IBU, enquanto quem gosta de intensidade e amargor marcante pode ir direto nas opções com IBU elevado.

Escala de amargor

  • 0 a 20 IBU → Cervejas leves, com pouco ou nenhum amargor perceptível (ex.: American Lager, Witbier).
  • 20 a 40 IBU → Amargor moderado, equilibrado com o malte (ex.: Pale Ale, Amber Ale).
  • 40 a 70 IBU → Amargor intenso, já bem presente na boca (ex.: IPA, Double IPA).
  • Acima de 70 IBU → Amargor extremo, para paladares que gostam de desafio (ex.: Triple IPA).

Algumas cervejas chegam a ultrapassar os 100 IBU, mas vale lembrar: a percepção humana tende a saturar em torno de 80 a 100 IBU. Ou seja, mesmo que o número suba muito, o nosso paladar não consegue sentir o que passar disso.

Medindo o IBU

O IBU pode ser medido através de análise química em laboratório, onde também são usados equipamentos como o espectrofotômetro.

Existem algumas fórmulas específicas. Mas aí a gente deixa para os especialistas.

Então, qual escolher?

O IBU não indica qualidade, mas estilo e intensidade. Vale combinar esse número com outras informações do rótulo, como o teor alcoólico (ABV), sigla que falamos no último post, para ter uma ideia mais completa do que vai encontrar no copo.

Mas, no geral, é o seguinte:

– Gosta de cervejas mais leves, menos amargas? Pegue aquelas que indicam ter o IBU baixo.

– Quer experimentar algo mais forte em relação ao amargor? Escolha uma cerveja com o número do IBU mais alto.

Assim, da próxima vez que pegar uma cerveja e ver o número de IBU no rótulo, você já sabe exatamente o que esperar no primeiro gole!

Curiosidades

– IBUs de algumas cervejas que não marcam esse valor no rótulo:

Skol Puro Malte: 8 IBU;
Brahma: 10 IBU;
Stella Artois: 16 IBU;
Heineken:19 IBU

– Cerveja mais amarga do mundo: A Alpha Fornication da Flying Monkeys, com 2.500 IBUs, foi considerada a cerveja mais amarga do mundo. É uma Imperial IPA com 13,3% de teor alcoólico. Não existe mais!

– A cerveja mais amarga do Brasil é a cerveja 1000 IBU da Cervejaria Invicta, uma Imperial IPA.

O que é a sigla ABV da cerveja e a importância de entender esse número no rótulo

Dando continuidade à nossa série sobre como ler o rótulo de uma cerveja, hoje vamos falar sobre uma das siglas mais importantes: o ABV. Esse número pode te ajudar a escolher entre uma cerveja leve e refrescante ou uma mais alcoólica e intensa.

ABV vem do inglês Alcohol by Volume, que em português quer dizer “álcool por volume”. É a medida que mostra a quantidade de álcool presente na bebida em relação ao seu volume total. Ou seja, quando vemos que uma cerveja tem 5% ABV, significa que 5% do líquido daquela garrafa ou lata é álcool.

Por que o ABV é importante?

O ABV ajuda a entender a intensidade da cerveja. Ele influencia na sensação de calor que o álcool traz, no corpo da bebida, na temperatura que ela deve ser servida e até no jeito como você deve apreciá-la. Além disso, é uma informação essencial para quem quer controlar o consumo de álcool.

ABV x Temperatura da cerveja

Quanto maior o teor alcoólico (ABV) de uma cerveja, geralmente mais elevada deve ser a temperatura de degustação para melhor apreciar os seus aromas e sabores complexos. Cervejas de baixo teor alcoólico são melhor apreciadas mais geladas, enquanto as mais fortes beneficiam de temperaturas mais quentes, que realçam a sua intensidade e complexidade.

Cervejas com o ABV mais baixo, como a Pilsen e a American Lager, tem o objetivo de refrescar e ser apreciada de forma leve e agradável, por isso devem ser servidas mais geladas. Já as cervejas com o ABV mais alto, como Imperial Stout e Quadrupel, são frequentemente mais complexas e encorpadas e, ao ser degustada em temperatura mais alta, seus aromas e sabores mais intensos e complexos são liberados.

Exemplos de temperaturas:

·  Leves e claras (Pilsen, American Lager): entre 0°C e 4°C
·  Mais complexas e encorpadas (IPA, Stout): entre 7°C e 10°C
·  Muito fortes e de guarda (Barleywine, Imperial Stout): entre 10°C e 15°C

Intensidade do ABV na prática

Para facilitar, podemos dividir o ABV em três faixas principais:

  • ABV baixo (entre 2% até 4,5%): são cervejas mais leves e fáceis de beber. Ideais para dias quentes e para quem busca refrescância.
    Exemplos: Pilsen, American Light Lager, Session IPA.
  • ABV médio (entre 4,5% e 6%): trazem mais equilíbrio entre sabor e intensidade alcoólica, oferecendo experiências variadas sem pesar demais.
     Exemplos: Weissbier, IPA tradicional, Amber Ale.
  • ABV alto (acima de 7%): geralmente são cervejas encorpadas, complexas e que pedem um consumo mais lento. O álcool fica mais evidente e ajuda a aquecer, sendo ótimas para dias frios.
     Exemplos: Imperial Stout, Belgian Tripel, Barleywine.

Como é calculado o ABV de uma cerveja?

Existem diversas fórmulas que calculam o ABV de uma cerveja e não é simples de explicar e, se você não produz cerveja, vai ficar mais difícil ainda entender. Então, vamos pular essa parte.

Qual a função do álcool mesmo?

Você deve ter pensado: deixar a gente alegre mais sociais e nos relaxar!

Ele faz isso também. Mas, ele tem algumas funções técnicas e sensoriais como:

– Atua como conservante natural da cerveja. O meio alcoólico dificulta o desenvolvimento de contaminações microbiológicas, e essas contaminações são mais fáceis de acontecer quando não há o álcool. Assim, cervejas com maior ABV, maior teor alcoólico, podem ser conservadas por mais tempo. Observe que as mais alcoólicas têm prazo de validade maior.

– Em relação ao fator sensorial, quanto maior o teor alcoólico, maior o impacto sensorial na cerveja. Em cervejas com baixo teor alcoólico, o álcool tem um impacto muito baixo no sensorial. Já nas cervejas mais alcoólicas, é possível sentir esse impacto tanto no aroma quanto no sabor. O álcool cria alguns aromas em conjunto com ésteres e outros componentes, e até mesmo à medida que essa cerveja envelhece.

Em algumas cervejas o teor alcoólico é tão alto que você sente perfeitamente o álcool tanto no aroma, quanto no sabor! Além disso, ao beber, é possível sentir aquele aquecimento alcoólico.

Enfim, existe teor alcoólico para todos os tipos de paladares e resistências!

Dica para quem está começando

Ao escolher uma cerveja, repare no ABV do rótulo. Se você busca algo leve e refrescante, prefira as de baixo teor alcoólico. Já se a ideia é explorar sabores mais intensos e encorpados, arrisque-se nas de ABV médio ou alto.

Beba com moderação! Independente do teor alcoólico da cerveja escolhida, não abuse! O excesso, além de fazer mal para a saúde, acaba o seu dia seguinte, ressaca nunca é uma boa opção.

Consumir cerveja com moderação tem seus benefícios. Leia aqui sobre “Os benefícios da cerveja para a saúde”.

Entender sobre o ABV no rótulo é abrir uma porta para escolhas mais conscientes e prazerosas. Da refrescância das leves ao calor das mais alcoólicas, sempre existe uma cerveja ideal para cada momento.

Curiosidades

 – Lançada em 2021, a cerveja escocesa Beithir Fire (fogo da serpente) se apresenta como a “mais forte do mundo” graças a uma porcentagem de álcool por volume de 75%. Seu índice é tão alto, que a garrafa vem com um alerta: “Não beba mais do que 35 ml de uma só vez”. A bebida tem validade de até um século e, segundo a cervejaria 88 Brewery, responsável pela produção, ela é uma combinação entre cerveja e destilado.

– A cerveja com maior teor alcoólico produzida no Brasil é a ZOX Super High Gravity, da cervejaria Zox Cervejaria, com 40% de teor alcoólico. Essa cerveja, lançada em edição limitada, superou o recorde anterior estabelecido pela Cuesta Beer Brandy, da Cervejaria Cuesta, que chegou a 35%.

– Teor alcoólico de algumas cervejas:

  • Skol – 4,7% vol;
  • Kaiser- 4,5% vol
  • Heineken – 5% vol;
  • Brahma – 4,8%;
  • Brahma Duplo Malte: 4,7% vol;
  • Itaipava – 4,5%vol;
  • Bohemia – 5% vol;
  • Budweiser – 5% vol;
  • Antarctica Subzero: 4,6% vol;
  • Antarctica Boa: 4,7% vol;
  • Antarctica Original: 4,9% vol.

Minas Gerais brilha no Brasil Beer Cup 2025 e leva 35 medalhas

O Brasil Beer Cup, conhecido como o “Oscar das Bebidas”, premiou cervejarias e rótulos com medalhas de ouro, prata e bronze no evento realizado em Florianópolis de 4 a 9 de agosto. Além disso, jurados de 16 países também elegeram as 50 melhores cervejas da América Latina na categoria The Best of Show. Em mais um ano, Minas Gerais reafirmou sua relevância no cenário nacional da cerveja artesanal.

Neste ano de 2025, as cervejarias mineiras trouxeram para a casa 35 medalhas, dentre ouro, prata e bronze. Além disso, garantiu presença no seleto ranking Top 50 Best Breweries.

O campeonato é hoje um dos mais importantes da América Latina, reunindo jurados nacionais e internacionais para avaliar cervejas inscritas em diferentes estilos. Só em 2025, foram milhares de amostras enviadas por cervejarias de todo o mundo.

Medalhas Mineiras

Minas Gerais continua fazendo bonito nas premiações cervejeiras. Desta vez, foram 35 medalhas para 15 cervejarias diferentes. A Naipe Brew, de Campo Belo, foi um dos grandes destaques com quatro ouros, incluindo a Tá Fit (Gluten Free Beer), que ainda levou o prêmio máximo do concurso, o The Best Of Show na categoria Innovation, além de 3 pratas e 3 bronzes.

Confira as medalhas mineiras:

Ouro (13 medalhas)

  • Naipe Brew (Campo Belo): Altbier (Altbier)
  • Naipe Brew (Campo Belo): Brett Beer (Brett Beer)
  • Naipe Brew (Campo Belo): IPA (India Pale Ale)
  • Naipe Brew (Campo Belo): Tá Fit (Gluten-Free)
  • Monka Cervejaria (Belo Horizonte): Monka Babuipa (American IPA)
  • Monka Cervejaria (Belo Horizonte): Kong (Export Stout).
  • Mills Brewery (Belo Horizonte): Bruges (Speciale Belge)
  • Mills Brewery (Belo Horizonte): Yellowstone(India Pale Ale)
  • Cervejaria Walnut (Conselheiro Lafaiete):  Pilsen (Malt Liquor)
  • Cervejaria do Funil (Lavras): Stout (Imperial Stout)
  • Cervejaria Caraça (Nova Lima): Dark Lager (Dark Lager)
  • Pedrosa Craft (Belo Horizonte): Andaluzita (Doppelbock)
  • Latitude 20 (Ouro Preto): Bock (Bock)

Prata (11 medalhas)

  • Naipe Brew (Campo Belo): Amber Lager (Amber Lager)
  • Naipe Brew (Campo Belo): American Lager (Gluten-Free)
  • Naipe Brew (Campo Belo): Belgian Golden Strong Ale (Wild Beer) 
  • Mills Brewery (Belo Horizonte): Lager (Munich Helles)
  • Mills Brewery (Belo Horizonte):  Cacau Porter (Robust Porter)
  • Colt Brew (Nova Lima): BrownSon (Brown Ale)
  • Dakza Brewing (Juiz de Fora): Magia Negra – RIS (Pastry Stout)
  • Dakza Brewing (Juiz de Fora): Mistral (Session IPA)
  • Cervejaria Bruder (Ipatinga): Alma Cevada (American Light Lager)
  • Mythic Beer (Belo Horizonte): Saci (Red Ale)
  • Cervejaria Hauk (Mário Campo): Chopp Hauk (Blonde Ale)

Bronze (11 medalhas)

  • Naipe Brew (Campo Belo): Fruit Beer (Belgian Fruit Beer)
  • Naipe Brew (Campo Belo): Belgian Pale Ale (Speciale Belge)
  • Naipe Brew (Campo Belo): Dark Lager (Dark Lager)
  • Captain Brew (Uberlândia): Dia de Colheita (Brazilian Beer)
  • Captain Brew (Uberlândia): Compilação Líquida da Experiência Matinal Estadunidense (Experimental Beer)
  • Captain Brew (Uberlândia): Un Bolero de Soledad (Spice Beer)
  • Cervejaria Walnut (Conselheiro Lafaiete): Belgian Blond Ale (Blonde Ale)
  • Cervejaria Walnut (Conselheiro Lafaiete): Quadrupel (Quadrupel)
  • Monka Cervejaria (Belo Horizonte): Capuchinho – Brown Ale
  • Colt Brew (Nova Lima): Tio Sun (Summer ale)
  • Cervejaria Fürst (Formiga): Catalina Weiss (Weizen)

Minas entre as Top 50

Além das medalhas, três marcas mineiras entraram na lista das Top 50 Best Breweries do Brasil Beer Cup: Mills Brewery, Monka Cervejaria e Naipe Brew.

Esse reconhecimento coloca Minas Gerais ainda mais em evidência no cenário cervejeiro nacional, reforçando a criatividade, diversidade e qualidade das nossas cervejarias.

As cervejas com medalhas de ouro foram julgadas no The Best of Show divididas em grupos que abrangem desde cervejas ácidas a inovações ousadas, honrando a diversidade de estilo e sabores. Clique aqui para conferir as 50.

Um brinde à cena mineira

O resultado confirma algo que os apaixonados por cerveja já sabem: Minas não é apenas um polo de tradição e gastronomia, mas também de inovação no universo cervejeiro. Da capital ao interior, as cervejarias mineiras seguem colecionando prêmios e conquistando paladares Brasil afora.

Que venham mais medalhas e mais bons goles para a gente celebrar!

Confira outras premiações do Brasil Beer Cup 2025:

Prêmios especiais – Cervejarias do Ano:

  • Grande Porte: Salva Craft Beer (RS, Brasil)
  • Médio Porte: Stannis Cervejaria (SC, Brasil) – 2º ano consecutivo
  • Pequeno Porte: HANK Bier (PR, Brasil)
  • Brewpub: Cervejaria Três Santas (ES, Brasil) – 2º ano consecutivo
  • Cigana: Estrella Galicia (SP, Brasil)

Premiação cervejeiro(a) do ano:

Cervejeira do ano: Cláudia Camargo ganhou 3 medalhas de ouro com a CERVEJARIA DENKER., além de 3 premiações de honra ao mérito sendo merecedora de reconhecimento pelo ótimo desempenho e qualidade das amostras enviadas. Ela fez a maior pontuação como cervejeira responsável pela elaboração/criação das receitas das cervejas premiadas no Brasil Beer Cup.

Cervejeiro do ano: Jorge Braier ganhou 11 medalhas de ouro, 17 de prata, 9 de bronze e uma premiação de honra ao mérito com a Stannis Cervejaria. Ele fez a maior pontuação como cervejeiro responsável pela elaboração/criação das receitas das cervejas premiadas no Brasil Beer Cup.

Amostras que receberam Honra ao Mérito

Essa premiação contemplou as amostras que não recebeu medalhas, mas também foram merecedoras de reconhecimento pelo ótimo desempenho e qualidade.

Minas Gerias apareceu na lista com a Cervejaria Fürst e sua Lite, uma  Contemporary American-Style Light Lager

Mais informações no site https://www.brasilbeercup.com.br/

Anuário da Cerveja 2025: mercado cervejeiro brasileiro cresce e diversifica

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgou o Anuário da Cerveja 2025, que traz um panorama detalhado do mercado cervejeiro brasileiro com dados referentes a 2024. O levantamento mostra crescimento no número de cervejarias, na produção total e na exportação, além de destacar a forte expansão das cervejas sem álcool.

É importante lembrar que, nesses dados, não entram a cervejarias ciganas, que são aquelas que não têm fábrica própria, ou seja, produzem suas cervejas em fábrica de outras cervejarias. Se essas fossem consideradas, os números a seguir seriam ainda maiores.

De acordo com o documento, o Brasil conta atualmente com 1.949 cervejarias registradas, um aumento de 5,5% em relação a 2023. Foram abertas 102 novas unidades no último ano. Ao todo, 790 municípios possuem pelo menos uma cervejaria, ampliando a presença da atividade em diferentes regiões do país.

Apesar do aumento de estabelecimentos com registro, em 2024, houve uma
redução de 5,4% em relação ao total de produtos registrados que havia em 2023,
o que representa 2.472 registros a menos. Ao todo, são 43.176 cervejas com registro no país em 2024 e é a primeira vez que se verifica uma redução no número de produtos registrados
no período estudado.

Na produção, o volume declarado chegou a 15,34 bilhões de litros. Esse volume indica uma ligeira queda na produção nacional, de 0,11%, se comparada ao ano anterior. Desse total, 24,7% correspondem a cervejas puro malte.

Os estilos mais produzidos continuam sendo Lager leve clara (58,3%), Pilsen (32,4%) e outras lagers (8,5%). O estilo que mais aumentou a porcentagem em comparação a 2023 foi a Lager intensa escura. Já o estilo com maior queda foi a Weizenbier. A IPA teve uma queda de 9,54%

Com 889 estabelecimentos, a região Sudeste segue sendo aquela com o maior número de cervejarias registradas no país, o que representa 45,6% do total de cervejarias do Brasil. A segunda região com mais cervejarias é o Sul, com 774.

São Paulo segue liderando como o Estado com maior número de cervejarias registradas, com 427 estabelecimentos. Minas está em quarto, atrás, também, do Rio Grande do Sul (2º) e Santa Catarina (3º). Santa Catarina é a unidade da federação com maior crescimento absoluto no número de estabelecimentos em relação a 2023, apresentando um aumento de 25 cervejarias, o que representa um crescimento de 11,1% para o estado.

Acre, Amapá e Roraima seguem sendo as únicas unidades federativas que possuem apenas um município com presença de cervejaria.

O estado em que os habitantes estão mais bem servidos com cervejarias é, por mais um ano, o Rio Grande do Sul, com a marca de um estabelecimento para cada 32.177 habitantes.

Minas tem 3 cidades no top 10 com mais cervejarias registradas: Belo Horizonte (25), Nova Lima (21) e Juiz de Fora (20). A outra cidade mineira que tem 10 ou mais cervejarias é Uberlândia, com 10.

O anuário aponta ainda que apenas 1% das cervejarias respondem por quase 50% da produção nacional, enquanto 5% concentram 99% do volume produzido, evidenciando a predominância das grandes empresas.

Outro destaque é o crescimento das cervejas sem álcool, que registraram aumento de 536,9% em 2024 e já representam 4,9% da produção.

Também houve o crescimento de mais de 100% para cervejas sem glúten e com café e mais de 50% das cervejas feitas com madeira e mel.

Um dado preocupante foi o número de cancelamentos ou vencimentos de registro de cervejarias. Em 2024, houve 111 cancelamentos ou vencimentos de registro de cervejaria, os quais ocorreram em um total de 91 municípios e de 18 unidades da federação. O Rio Grande do Sul é o estado com maior número de ocorrências, com 32 cervejarias tendo seus registros cancelados ou vencidos e não renovados, o que representa 28,8% de todas as ocorrências verificadas no país. Números esses que pode ter sido causado pela calamidade ocorrida no ano passado. Apesar disso, o estado ainda fechou o ano com crescimento de 4,2% no número de estabelecimentos registrados, o que representa 14 cervejarias a mais em relação ao ano anterior, saltando de 335 em 2023 para 349 em 2024.

No comércio exterior, as exportações somaram 332,5 milhões de litros, alta de 43,4% em relação ao ano anterior, com receita de US$ 204 milhões. O Paraguai foi o principal destino, responsável por 66,5% do volume exportado.

O setor de bebidas empregou mais de 140 mil pessoas em 2024, sendo o segmento cervejeiro responsável por 71,2% desses postos de trabalho.

Os dados do Anuário da Cerveja 2025 revelam que, mesmo diante de oscilações na produção e no número de produtos registrados, o setor cervejeiro brasileiro segue em expansão e diversificação. O aumento no número de cervejarias, a ampliação das exportações e a consolidação de novos nichos, como as cervejas sem álcool, indicam que o mercado continua dinâmico e atento às mudanças de consumo. Para produtores e consumidores, o cenário reforça o papel da cerveja como um dos produtos mais relevantes da indústria de bebidas no país, tanto no copo quanto na economia. Por outro lado, o número de cancelamentos mostra a dura realidade de um setor altamente competitivo.

O Anuário da Cerveja é publicado anualmente pelo MAPA e serve como referência para acompanhar a evolução e as tendências do mercado no país.

Clique aqui para acessar o Anuário da Cerveja 2005 na íntegra.