Você sabe ler o rótulo da cerveja?

Você já se decepcionou com uma cerveja que parecia ser perfeita, mas não era nada do que esperava? Talvez tenha sido amarga demais, doce demais, forte demais… ou simplesmente diferente do seu paladar. Pois é. Muitas vezes, tudo o que você precisava fazer era olhar com mais atenção para o rótulo.

E quando eu falo em olhar com mais atenção, não estou falando da arte do rótulo — que, aliás, é linda e pode até influenciar na escolha. Estou falando das informações técnicas que ele traz e que muita gente ignora. O que eu estou falando é sobre a importância de ler as informações que constam em todo o rótulo, antes de comprar, para não se decepcionar.

Ler o rótulo da cerveja é como dar uma espiada no que está por vir. Ele te ajuda a entender o que esperar da bebida antes mesmo de abrir a garrafa. E mais: te dá ferramentas para fazer escolhas mais conscientes, seja no bar, no mercado ou na prateleira da geladeira.

Veja quanta informação um rótulo pode te trazer.

O que dá para descobrir só com o rótulo?

O estilo da cerveja
É a primeira dica para você ter uma noção de sabor, corpo, aroma e teor alcoólico. Uma IPA é diferente de uma Weiss. Uma Pilsen não tem nada a ver com uma Stout. O estilo já diz muito sobre a experiência que vem pela frente.

Ingredientes
Os ingredientes básicos da cerveja são água, malte, lúpulo e levedura. Mas alguns rótulos também revelam o uso de frutas, especiarias, madeiras e até lactose. Saber o que tem ali ajuda a identificar sabores e até a evitar alergias ou intolerâncias.

– Informações nutricionais e restrições

Você também pode encontrar no rótulo se a cerveja é sem glúten, low carb ou até zero carboidrato. Essas informações são importantes para quem tem restrições alimentares ou busca uma opção mais leve para o dia a dia ou quer manter a dieta com baixa ingestão de carboidratos.

Validade e armazenamento
Pode parecer detalhe, mas não é. Cerveja vencida ou mal armazenada pode alterar completamente o sabor. Fique de olho na data de validade e prefira as que estiverem mais “frescas”, especialmente no caso das lupuladas, como IPAs. As IPAs, quanto mais perto da fabricação forem tomadas melhor, pois os lúpulos, que são cruciais para o sabor e aroma da cerveja, tendem a se degradar com o tempo, perdendo suas características desejadas.

Já comentei aqui no blog que tomar cerveja vencida não faz mal à saúde. O que acontece é que ela perde suas características com o tempo. E também já falei sobre cerveja de guarda, que são cervejas que podem ser guardadas por anos depois do vencimento que ficam ainda melhores, o que não é o caso das IPAs.

–  Origem e quem produz
Saber de onde vem a cerveja e quem a produziu ajuda a conhecer mais sobre a proposta da marca e sobre o cenário cervejeiro em geral. Além disso, alguns rótulos trazem selos como “cerveja artesanal” ou “independente”, que também são sinais interessantes.

– Teor alcoólico, amargor e cor da cerveja

Além disso, os rótulos também trazem informações como teor alcoólico (ABV), nível de amargor (IBU) e coloração da cerveja (EBC/SEM). Essas siglas ajudam a entender se a cerveja será mais leve, intensa, encorpada ou amarga — e a fazer escolhas mais certeiras. Mas calma que em breve vou te explicar tudinho sobre essas siglas!

– Temperatura ideal

Alguns rótulos trazem a indicação da temperatura ideal para consumo. Essa informação é útil para garantir que a cerveja seja degustada na temperatura que realça seus sabores e aromas característicos. 

Viu quanta informação dá pra extrair de um único rótulo? E cada detalhe ali pode ser a chave para você acertar em cheio na sua próxima escolha.

Ler o rótulo da cerveja é um hábito simples, mas poderoso. Com o tempo, você vai perceber que ele é um verdadeiro mapa de sabores, aromas e experiências.

E pra te ajudar a decifrar esse mapa, nas próximas semanas vou te explicar aquelas siglas que muita gente vê, mas nem sempre entende: ABV, IBU, EBC/ SRM. Fica de olho aqui no blog!

Cervejas Low Carb: dá pra beber cerveja sem sair da dieta?

Apesar de sabermos que a cerveja tem muitos ingredientes que fazem bem para saúde, também sabemos que a maioria das cervejas possuem um índice considerável de calorias que, dependendo da quantidade ingerida, pode ser, sim, uma vilã para quem deseja manter uma dieta saudável. Porém, respondendo à pergunta do título, sim, dá para beber cerveja sem sair da dieta.

E é aqui que entram as cervejas low carb ou light. Cada vez mais populares, elas surgem como uma alternativa para quem curte cerveja, mas quer reduzir o consumo de carboidratos, seja por questões de saúde, dieta ou estilo de vida. E, com o aumento da procura por cervejas de baixa caloria, as cervejarias têm investido nesse nicho e colocado no mercado várias opções com carboidrato reduzido.

O que são cervejas low carb?

São cervejas com baixo teor de carboidratos. Enquanto uma cerveja comum pode ter de 10g a 15g de carboidratos por lata (350 ml), as low carb contém entre 2 e 6 gramas de carboidratos. Isso significa menos açúcares residuais e, consequentemente, menos calorias.

Essas não devem ser confundidas com cerveja light ou cerveja sem glúten.

A cerveja light é uma opção com menos calorias do que a cerveja comum. Essa redução pode acontecer por causa de uma menor quantidade de carboidratos, de álcool ou de ambos. Diferente da low carb, o foco aqui não é necessariamente cortar carboidratos, e sim oferecer uma bebida mais leve e menos calórica, ela pode ter a quantidade de carboidrato de uma cerveja comum, porem, ser reduzida no álcool, o que a torna de baixa caloria, ou seja, light.

A cerveja sem glúten é produzida para pessoas com intolerância ou sensibilidade ao glúten, utilizando ingredientes naturalmente livres dessa proteína (como milho, arroz ou sorgo) ou passando por um processo enzimático que remove o glúten do malte tradicional. O fato de não conter glúten, que é a proteína dos grãos, não faz a bebida ser light ou low carb. Algumas sem glúten podem ser ou podem não ser low carb ou ser de baixa caloria. Leia sempre o rótulo antes.

Como são feitas as cervejas low carb?

A mágica acontece durante a fermentação. Nas low carb, a receita e o processo são ajustados para que as leveduras consumam a maior parte possível dos açúcares do malte — deixando quase nada de carboidrato no produto final.

Isso pode envolver o uso de enzimas especiais, temperaturas específicas e, muitas vezes, uma fermentação mais longa. O resultado é uma cerveja mais seca e leve.

De onde vem a caloria da cerveja?

As calorias da cerveja vêm de duas fontes principais:

1-  O álcool da própria cerveja. O álcool tem um teor muito alto de calorias, então cervejas com um alto percentual de álcool certamente terão mais calorias do que cerveja com baixo teor de álcool.

2 – Os carboidratos. A caloria da cerveja também está nos amidos residuais que consistem principalmente de cadeias de açúcar mais longas que não se quebraram totalmente e não são fermentáveis. Ou seja, aqueles açúcares que as leveduras não consomem, ficam na cerveja e são consumidos por nós. Aumentando sua caloria.

Pra quem elas são recomendadas?

  • Para quem está fazendo dietas com restrição de carboidratos, como a low carb ou a cetogênica.
  • Para quem busca reduzir calorias sem abrir mão da cerveja.
  • Para quem quer uma bebida mais leve para o dia a dia ou para o pós-treino.

Mas atenção: mesmo com menos carboidrato, a cerveja low carb ainda contém álcool, e isso também tem calorias. Ou seja, moderação continua sendo a chave.

O sabor muda?

Sim, um pouco. Por serem mais secas e menos encorpadas, as cervejas low carb tendem a ter um perfil mais leve, com menos dulçor residual. Mas isso não significa falta de sabor. Já existem versões bem equilibradas e até com lúpulo em destaque, como algumas Session IPA low carb.

Curiosidades

  • A Michelob Ultra, nos EUA, foi uma das pioneiras nesse estilo e ajudou a popularizar o conceito;
  • Algumas cervejarias artesanais brasileiras já produzem rótulos low carb, focando em públicos esportistas e saudáveis;
  • “Low carb” não é um estilo cervejeiro oficial, como uma Pilsen ou uma Stout — é mais uma categoria comercial que envolve diferentes estilos adaptados;
  • Entre 2022 e 2024, o segmento de cervejas de baixa caloria (que inclui low carb, sem álcool e com baixo teor alcoólico) cresceu 95%, enquanto as cervejas regulares tiveram aumento de apenas 2,8% (Fonte: clubedaembalagem.com.br);
  • Estima-se que o volume de consumo de rótulos low carb e zero no Brasil alcançou 550 milhões de litros, com aumento de 292% desde 2019.

Dicas de cervejas Low Carb?

Quer dicas de cerveja com baixo carboidrato ou baixa caloria? Clique aqui para ser direcionado para o destaque que criei no meu Instagram com as cervejas low carb, light e sem glúten que tomei. Clique no post da cerveja que interessou para ler o review sobre ela.

Atenção! Moderação é a palavra-chave. De nada adianta tomar cerveja low carb, se você tomar em muita quantidade ou se os acompanhamentos forem comidas calóricas, frituras, fast food ou guloseimas cheias de açúcar.

E também, não adianta trocar a cerveja por outro tipo de bebida alcoólica. Como falei lá em cima, grande parte da caloria está no álcool. A maioria das bebidas contém maior teor alcoólico que a cerveja. Veja a tabela abaixo:

Foto Divulgação: Cris Perroni

O poder da levedura: sem ela não tem cerveja!

Dessa vez, vou falar do último, e não menos importante, ingrediente para produzir uma cerveja: a levedura. Ela pode até ser invisível a olho nu, mas sem ela não existe cerveja.

O que é levedura e qual sua função?

A levedura é um micro-organismo (fungos) que são usados durante a fermentação da cerveja.

Como falei no post sobre malte, o malte é o responsável por fornecer açucares e nutrientes para as leveduras. As leveduras consomem os açúcares que são extraídos do malte e o transformam em álcool e gás carbônico. Daí surge o álcool presente na cerveja. Já o gás carbônico forma, também, a tradicional espuma.

Além disso, ela pode participar de todos os atributos sensoriais, como cor, limpidez, aroma e sabor da cerveja.

Em relação à cor da cerveja, por causa da fermentação, a levedura deixa a bebida levemente mais clara.

Na parte do aroma, a levedura traz caráter frutado para a cerveja. Quando você sente aquele aspecto frutado que lembra a banana nas cervejas de trigo, por exemplo, são as leveduras em evidência.

A levedura é usada na fabricação de todas as cervejas, mas nem sempre ela é a protagonista.

Nas cervejas belgas, a levedura está em primeiro plano, é a estrela. Nessas cervejas, o que está em evidência são os aromas e sabores como ésteres frutados, especiarias e condimentos. Nas cervejas inglesas, são os maltes que estão em evidência, trazendo aromas e sabores desde biscoito e pão, caramelo até a café e chocolate. Já nas cervejas americanas, é comum que o lúpulo seja o ingrediente mais marcante, trazendo aromas florais, frutados e cítricos.

Mas nem tudo são flores. A levedura também pode “estragar” uma cerveja. Se a fermentação não for bem conduzida, pode causar estresse na levedura e deixar um gosto ruim na bebida.

Ou seja, a levedura influencia diretamente no resultado final da cerveja.

Tipos de levedura: ale x lager

Existem muitos tipos de levedura, mas os dois grupos mais conhecidos são:

  • Ale (Saccharomyces cerevisiae): São as que produzem as cervejas do tipo Ale. Fermenta em temperaturas mais altas (geralmente entre 15°C e 22°C). Produz cervejas mais frutadas e complexas. Nesse tipo de fermentação você sente sabores frutados, florais, porque as leveduras ficam em evidência. É o tipo usado em estilos como IPA, Stout, Weissbier e Pale Ale.
  • Lager (Saccharomyces uvarum): São as que que produzem as cervejas do tipo Lager. Fermenta em temperaturas mais baixas (entre 8°C e 14°C). Gera sabores mais neutros e limpos Nesses tipos de cervejas, o malte e o lúpulo estão em evidência, por isso não sentimos tanto os sabores provocados pela levedura. Está por trás de estilos como Pilsner, Helles e Bock.

Tem outras duas que não são tão comuns, mas são usadas para fazer cervejas diferentes também que são:

  • Fermentação espontânea (Brettanomyces sp): que produzem as Lambics. Conhecida como fermentação espontânea, pois a bebida fica exposta ao ambiente de maturação. Assim, a fermentação ocorre a partir de leveduras selvagens e bactérias presentes no ambiente. Sua ação é bem lenta e pode durar de 1 a 3 anos em temperatura ambiente. Resultando em cervejas complexas, com características ácidas, cítricas, acéticas.
  • Saccharomyces bayanus: usada em champanhes, também é utilizada para fermentar lentamente cervejas mais alcoólicas.
Fermentação espontânea

O cuidado que ela merece

A saúde da levedura é crucial para uma boa fermentação. Por isso, ela precisa ser bem alimentada, armazenada corretamente e usada na quantidade certa. Cervejeiros que dominam a fermentação conseguem extrair o melhor que cada estilo pode oferecer.

Enfim, encerrando os posts sobre os principais ingredientes para se fazer uma cerveja, aprendemos que a água afeta o sabor, amargor e limpidez da cerveja. O malte define a cor da cerveja, o corpo e o sabor e fornece o açúcar para alimentar a levedura. O lúpulo dá o tempero, o aroma e conserva a bebida. Agora, a levedura é que transforma tudo isso em cerveja definindo o teor do álcool e auxiliando no corpo, aroma e sabor da bebida.

Lúpulo: o tempero da cerveja

Você já ouviu alguém dizer que uma cerveja está “muito lupulada”? Esse termo está cada vez mais comum entre quem aprecia cervejas artesanais — e não é por acaso. O lúpulo é um dos ingredientes mais marcantes da cerveja e tem um papel fundamental na construção de aroma, sabor e equilíbrio da bebida.

Mas afinal, o que é lúpulo?

O lúpulo é uma planta trepadeira (da espécie Humulus lupulus) cujas flores são usadas na produção de cerveja. Dentro dessas flores estão pequenas glândulas chamadas de lupulinas, que contêm os ácidos e os óleos essenciais responsáveis por tudo o que ele entrega à cerveja.

Seu uso varia de acordo com a cerveja fabricada. Ou seja, a quantidade de lúpulos que é inserida, o tipo de lúpulo usado e quando ele é colocado durante a fabricação, determina qual será o produto final.

São vários os tipos de lúpulos, vindo de países diferentes como Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Austrália, República Tcheca e, enfim, também temos lúpulos brasileiros. As variedades de lúpulo de cada país são influenciadas pelo clima, solo e técnicas de cultivo locais, o que afeta seus óleos essenciais e ácidos. 

O que o lúpulo traz para a cerveja?

1. Amargor
Os ácidos presentes no lúpulo são ativados durante a fervura do mosto e fornecem o amargor característico da cerveja. Ele é essencial para equilibrar o dulçor do malte.

2. Aroma e sabor
Dependendo da variedade e do momento em que é adicionado, o lúpulo pode trazer notas cítricas, florais, herbais, resinosas, frutadas, picantes e até tropicais. É ele que dá aquele cheirinho que salta da taça em muitas IPAs, por exemplo.

3. Conservante e Antioxidante
Outra função do lúpulo é servir como um conservante natural da cerveja. Ele possui algumas substâncias que inibem a proliferação de bactérias na cerveja.  Com isso, ajuda a prolongar a vida da cerveja nas prateleiras, antes de ir para a geladeira. Além disso, o lúpulo age como um antioxidante, protegendo a cerveja de processos oxidativos e contaminações microbiológicas que podem afetar negativamente a espuma.

Inclusive, tem aquela história que as India Pale Ales (IPAs) surgiram pela necessidade de conservação da cerveja. Os cervejeiros britânicos, sabendo dessa característica de conservante do lúpulo, passaram a colocar uma grande quantidade da flor nas Pale Ale para que elas pudessem aguentar a viagem de vários meses para a Índia. O lúpulo garantia que, durante toda a viagem, a bebida chegaria sem contaminação do líquido. Mas, dizem, que não foi bem assim.

4. Estabilidade da espuma

O lúpulo desempenha um papel crucial na estabilidade da espuma da cerveja. Suas substâncias amargas, como as isohumulonas, ajudam a manter as bolhas unidas, formando uma estrutura estável. 

5. Equilíbrio

Enquanto o malte dá uma característica doce à cerveja, o lúpulo fornece um contraponto amargo a esse doce. Ou seja, ele é usado também para dar equilíbrio à cerveja. Enquanto o malte adoça, vem o lúpulo com seu amargor não permitindo que a cerveja fique enjoativa, doce.

Curiosidades sobre o lúpulo

  • Existem centenas de variedades de lúpulo no mundo, cada uma com seu perfil de aroma e sabor. Algumas das mais famosas são Citra, Mosaic, Simcoe, Saaz e Cascade.
  • O termo “cerveja lupulada” nem sempre significa “cerveja amarga”. Muitas cervejas têm carga aromática intensa, mas amargor leve — tudo depende de como e quando o lúpulo é adicionado.
  • O dry hopping, técnica bastante usada nas IPAs modernas, consiste em adicionar lúpulo a frio, depois da fervura, para extrair apenas aroma e sabor, sem amargor.
  • O IBU: é a abreviatura para International Bitterness Unit (Unidade Internacional de Amargor). É pelo valor do IBU que podemos ter uma ideia de o quão amarga é uma cerveja. Quanto maior o número indicado, mais amarga é a cerveja.
  • Lúpulo faz bem para saúde. Ele auxilia desde os problemas com insônia a tratamento de dermatite.
  •  Lúpulo em inglês é hop e em alemão é hopfen.

O lúpulo é o tempero da cerveja. Ele não só traz amargor, mas também complexidade aromática e identidade para diversos estilos. E se o malte é quem dá corpo e base à cerveja, o lúpulo é quem traz aquele toque vibrante e, muitas vezes, surpreendente.

Se você gosta de cervejas mais amargas, perfumadas ou com sabores que lembram frutas cítricas, florais ou pinho, é bem provável que o lúpulo seja o seu ingrediente favorito — mesmo que você ainda não soubesse disso.

O papel do malte na cerveja: cor, corpo, sabor e muito mais

Se a água é a base da cerveja, o malte é a alma. Ele é um dos quatro ingredientes fundamentais da bebida (junto com água, lúpulo e levedura) e exerce uma influência direta no sabor, na cor, no aroma, na textura e até na formação de espuma.

Mas o que exatamente é o malte?

De forma simples, o malte é o grão (geralmente cevada) que passa por um processo controlado de germinação e secagem. Esse grão é colhido e levado para a maltaria, onde fica em um ambiente que tem a umidade e temperatura controladas. Assim que os grãos brotam, o processo de germinação é interrompido, através do calor, e assim os maltes são secados, torrados ou defumados.

É nesse momento que acontece a diferenciação dos tipos de malte por sua coloração, de acordo com o tempo de exposição ao calor. Quanto mais o grão for torrado, mais ele ficará escuro e mais escura será a cerveja.

Esse processo transforma o grão cru em um ingrediente fermentável, cheio de açúcares que serão transformados em álcool pelas leveduras durante a produção da cerveja.

Maltaria

O que o malte traz para a cerveja?

1. Açúcar para a fermentação
É do malte que vêm os açúcares fermentáveis necessários para a produção de álcool. Sua principal função é fornecer açúcares e nutrientes que servirão de alimento para as leveduras. A partir daí, acontece a mágica. As leveduras por sua vez irão “comer” esse açúcar e produzir o álcool, além do gás carbônico que produz a espuma. Quanto mais malte (ou quanto mais potente ele for), maior o teor alcoólico da cerveja.

2. Cor
A cor da cerveja — que vai do dourado claro ao preto intenso — depende do tipo de malte usado. Maltes claros resultam em cervejas mais pálidas, enquanto maltes torrados dão origem a cervejas escuras, como Stouts e Porters.

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3. Sabor e aroma
O malte é responsável por sabores que lembram pão, biscoito, caramelo, mel, toffee, café, chocolate e até frutas secas, dependendo do tipo e da torra. O dulçor vindo dos maltes também ajuda a equilibrar o amargor do lúpulo, tornando a cerveja mais harmoniosa.

4. Corpo e textura
O malte também define a densidade da cerveja. Cervejas com mais malte tendem a ter corpo mais encorpado, sensação aveludada e uma espuma mais estável.

Curiosidades sobre o malte

  • Nem todo malte vem da cevada. Outros grãos, como trigo, centeio, aveia e até milho e arroz, também podem ser maltados e usados em diferentes estilos de cerveja.
  • O malte torrado é o que dá aquele toque de café e chocolate nas cervejas escuras — sem nenhum grão de café adicionado!
  • Algumas cervejarias usam maltes defumados, que conferem aromas que lembram bacon, fumaça ou presunto — como nas Rauchbiers alemãs.
  • Quando falam que a cerveja é maltada, quer dizer que os maltes estão em destaque, consequentemente, ela é mais adocicada.
  •  O malte é a matéria prima tanto na fabricação da cerveja quanto na de uísque. Genericamente, malte de cevada fermentado produz cerveja e malte de cevada destilado produz uísque.

Dito tudo isso, pode-se concluir que o malte é o ingrediente que dá personalidade à cerveja. Ele não só alimenta a levedura para gerar álcool, como também constrói a base sensorial da bebida. Entender mais sobre os tipos de malte ajuda a reconhecer estilos, identificar sabores e escolher melhor o que beber.

Na próxima vez que tomar uma cerveja, tente perceber o que o malte está te contando no primeiro gole. Você pode se surpreender com a riqueza que ele entrega.

Onde Beber Artesanal: Cervejaria Tábuas, artesanal com sotaque local (Campinas-SP)

E o Pelo Interior com Cerveja está de volta e eu vou voltar chamando ele de “Onde Beber Artesanal”, já que as dicas de passeios em Campinas acabaram. E vamos continua rodando por Campinas, afinal, cerveja local e de qualidade não falta na região. E, desta vez, a gente estaciona na Cervejaria Tábuas Barão Geraldo, artesanal com sotaque local.

Sabe aquele lugar que você entra e já sente que vai querer voltar? A Cervejaria Tábuas, em Barão Geraldo, distrito de Campinas, é exatamente assim. Um espaço que mistura o charme de um bar com decoração descolada e rústica e uma vibe leve.

O ambiente é descontraído, com mesas ao ar livre ou em ambiente fechado, decoração que brinca com o rústico e o praiano. Se gosta de ver o movimento a rua e tomar uma com os pés na areia, é só ficar no ambiente externo. Mas, se prefere um espaço mais aconchegante e reservado, tem também, aí é só migrar para as mesas do salão. Que, aliás, e bem espaçoso.

Um lugar que combina tanto com a cerveja do fim de tarde quanto com aquele sábado que começa devagar e termina animado.

Por lá, são 14 biqueiras. Além das cervejarias convidadas, no tap list, o destaque vai para as criações da própria Tábuas. Quando estive lá, o destaque era para as NE IPAs, que tinham muitas opções. Além delas, tinha American IPA, Stout, Oktoberfest, German Pils, Weiss e Sour.

O pint (473ml) varia de R$20 a R$43 dependendo do estilo (valores de 2023).

E pra acompanhar? Nada de petisco sem graça. A cozinha da Tábuas capricha com pratos autorais que combinam perfeitamente com a proposta cervejeira da casa. Tem tábuas, porções como empanadas, batatas rústicas, Falafel, Dadinhos de tapioca, Bolinhos de abóbora com cogumelos e requeijão, além de lanches e sobremesas. Nós fomos de porção de salsichas alemãs com pretzel, repolho roxo e mostarda escura e Nachos cobertos com carne desfiada e creme picante de Chipotle.

Os preços variam de R$24 a R$39 (valores de 2023)

É o tipo de lugar que traduz bem o espírito da cena cervejeira independente: autêntico, criativo e com variedade de estilo. Se você estiver por Campinas, a visita vale cada gole.

Sobre a Cervejaria Tábuas

A Tábuas nasceu em 2016, em Barão Geraldo, distrito de Campinas – SP. Movidos pela paixão pela cerveja, produzem o que seus fundadores gostam de beber: desde Lagers delicadas e cheias de personalidade, passando por Sours com frutas, NEIPAs intensas e aveludadas, Stouts e suas variações, até Brettadas supercomplexas.

Além das cervejas plugadas nas Tap Rooms de Barão Geraldo, Cambuí e Valinhos, eles também comercializam latas.

Cervejaria Tábuas Barão Geraldo

Avenida Santa Isabel, 57 – Barão Geraldo
Campinas – SP
Instagram: @ tabuascervejaria

Água na cerveja: o ingrediente esquecido (mas essencial)

Os posts informativos sobre cerveja estão de volta! Até aqui, espero que você já saiba que os ingredientes básicos de uma cerveja são: a água, o malte de cevada, o lúpulo e a levedura.

Para entendermos melhor sobre cada ingrediente e suas funções, farei um post sobre cada ingrediente, separadamente.

O ingrediente sobre o qual falarei hoje é a água.

Quando pensamos em cerveja, é comum lembrar primeiro do malte, do lúpulo ou, até mesmo, da levedura, já que algumas propagandas de cerveja enfatizam alguns desses ingredientes. Mas você sabia que cerca de 90 a 95% da cerveja é água? Pois é! Apesar de não ter gosto marcante, a água tem um papel fundamental no resultado final da cerveja — tanto em sabor, amargor e limpidez da cerveja, quanto em qualidade.

Por que a água importa tanto na cerveja?

A água é o meio onde tudo acontece: é nela que o malte é infundido para liberar açúcares, onde o lúpulo é cozido e onde a levedura vai fermentar. Se a água estiver desequilibrada, com excesso de certos minerais, por exemplo, o resultado pode ser uma cerveja com sabores indesejados.

Assim, alguns fatores da água fazem toda a diferença e devem ser observados durante a produção de cerveja. Confira alguns:

  • pH: afeta a eficiência da mosturação e a percepção do sabor.
  • Minerais como cálcio, magnésio, sódio e sulfato: influenciam desde a clarificação da cerveja até a intensidade do amargor.
  • Pureza: cloro e cloraminas, comuns na água de torneira, devem ser removidos, pois causam gosto de papel molhado ou remédio.

Esses fatores podem impactar positiva ou negativamente no resultado final.

Dependendo do estilo de cerveja, a água pode ser ajustada para ter um resultado final mais dentro do padrão. Por exemplo: Alcalinidade alta e pH baixo resultam em cervejas encorpadas. A água sem tantos minerais é boa para a produção de cervejas claras. Então, os cervejeiros podem optar por manipular a água para deixar a cerveja com excelente qualidade.

Mas isso, é um assunto mais técnico que não é o nosso objetivo aqui.

A água de determinados locais

Algumas cidades ficaram famosas pela qualidade da cerveja que produzem. Alguns exemplos clássicos de cidades em que a água virou tradição:

Pilsen (República Tcheca): a água extremamente macia da cidade de Pilsen ajudou a criar a clássica cerveja leve e pouco amarga que leva o nome da cidade.
Burton-on-Trent (Inglaterra): a água rica em sulfatos deu origem às bitters e IPAs com amargor mais destacado.

Aí, você que é mais das antigas, lembra da tal água de Agudos (São Paulo). Existia uma crença de que a água de Agudos era responsável pelo sabor superior das cervejas que a Ambev produzia por lá e que havia uma diferença com as cervejas da própria Ambev que eram fabricadas em outras cidades. No próprio site da Skol esclarece isso. Veja:

Há diferença no sabor da Skol produzida em diferentes fábricas? Como a de Agudos, por exemplo.
Isso é conversa do povo, não é verdade! Apesar de amar a fábrica de Agudos, nossas cervejas seguem o mesmo processo de fabricação e qualidade em todo Brasil para garantir o mesmo sabor e leveza para todo mundo.

O que você precisa saber é que é verdade que cada local tem um tipo de água, porém, através da tecnologia, como já disse ai em cima, a água pode ser ajustada. Com a manipulação das características da água, é possível ter águas com características iguais em diferentes locais, ou seja, é possível imitar a água de qualquer lugar do mundo. Basta que os profissionais analisem e ajustem o perfil da água para atingir o resultado que quiser.

Ou seja: a água não é só um “ingrediente neutro”, ela é tratada com o mesmo cuidado que o malte ou o lúpulo. Costuma até dar um trabalhinho para os mestres cervejeiros conseguirem chegar no ponto que querem.

Enfim, a água pode parecer o ingrediente mais simples da cerveja, mas ela é decisiva para o perfil sensorial de cada rótulo. Conhecer o papel dela é mais um passo para entender (e valorizar) ainda mais a complexidade por trás de uma boa cerveja. Viu como a água é importante?!

Cervejas para o inverno: estilos que aquecem o paladar

Quando as temperaturas caem, muita gente troca a cerveja por um vinho ou destilado. Mas a verdade é que o universo cervejeiro tem opções perfeitas para o inverno. Estilos mais encorpados, com teor alcoólico mais elevado e sabores intensos são ideais para aquecer os dias frios.

Se você está começando a explorar esse mundo ou quer sair do lugar-comum, aqui vão dicas certeiras de estilos para aproveitar no inverno. Além de esquentar, harmonizam muito bem com as comidas típicas de inverno como queijos, fondues, carne assada, chocolate e massas!

Stout: A Stout é uma das estrelas do inverno. O malte torrado dá notas que lembram café e chocolate, ideais para o frio. Algumas versões, como a Oatmeal Stout têm uma textura mais cremosa e final levemente adocicado, que reforçam o conforto.

Dica mineira: Obsidiana da Pederosa Craft: Uma cerveja cremosa com notas de café e chocolate amargo. Sua cor preta e opaca lembra a pedra que lhe dá nome. A utilização massiva de aveia confere uma textura cremosa e aveludada, enquanto os maltes torrados imprimem notas de café e chocolate amargo. Uma combinação interessante com brownies e dias frios. ABV: 5,5% | IBU: 30

Dica mineira 2: Cookie da Vovó uma Imperial Stout da Hankzbier. Feita com 8 maltes especiais, corpo robusto e textura sedosa. Notas de leite maltado, doce de leite, churros, biscoito e cookie. Adição de biscoitos, lascas de avelã e extrato de avelã. ABV: 10,5% | IBU: 50

Porter:  Parecida com a Stout, mas com um perfil menos torrado e mais equilibrado. É uma excelente porta de entrada para quem quer começar a beber cervejas escuras e encorpadas sem ir direto para sabores tão intensos.

Dica mineira: Jack Porter, uma Brown Porter da Cervejaria Artéza: Cor escura, sabor e aroma levemente amadeirado, resultado de maturação em lascas de carvalho francês e de adição de whisky Jack Daniel’s. ABV: 6,5%

Belgian Dubbel: As cervejas belgas são ótimas para o inverno por seu perfil frutado e alcoólico. A Dubbel é um exemplo clássico: complexa, levemente adocicada e com uma sensação de aquecimento muito agradável.

Dica mineira: Nicolau, Cervejaria Ziel. Com 7,6% de ABV e 16 IBU, a Ziel Nicolau equilibra dulçor e amargor na medida certa, proporcionando uma experiência sensorial única. Suas notas marcantes de frutas secas escuras e especiarias, como anis estrelado, canela e cravo, resultam em uma cerveja rica, envolvente e cheia de personalidade.

Bock / Doppelbock: Originárias da Alemanha, essas cervejas são ricas em malte, com corpo aveludado e dulçor elegante. A Doppelbock, mais alcoólica, é praticamente um abraço líquido.

Dica mineira: German Bock da Cervejaria Caraça. Uma lager mais maltada, contando com a presença de 4 diferentes tipos de maltes especiais que revelam toda a plenitude do sabor dos grãos. Uma cerveja elaborada com muito capricho e atenção aos detalhes, sendo o malte o centro de tudo. ABV : 6.5% | IBU : 20

Barleywine: Essa é para os corajosos! Barleywine é uma cerveja potente, intensa e licorosa. Ideal para ser degustada com calma, quase como um conhaque. Combina perfeitamente com sobremesas ou para fechar a noite.

Dica mineira: Pretensão, Krug Bier. Envelhecida em carvalho francês, rica em sabores e com notas intensas harmonizadas pelo amargor dos lúpulos ingleses. ABV:  11,0% | IBU: 40

Black IPA: Combina o amargor característico do lúpulo com a riqueza dos maltes torrados. Uma explosão de sabores. E seu alto teor alcoólico ajuda a aquecer.

Dica mineira: Blackbird da Cervejaria Küd: Leva quatro tipos de maltes e quatro estágios de lupulagem, é a primeira Black IPA registrada no Brasil. Forte e de paladar marcante, possui ótimo amargor. ABV: 8,3% | IBU: 75

Dica extra: Sirva um pouco menos gelada

Cervejas de inverno revelam melhor seus aromas e sabores em temperaturas mais elevadas. O ideal é servir entre 8°C e 12°C, dependendo do estilo.

Cerveja e inverno combinam sim, e muito! A dica é explorar estilos mais intensos, maltados e alcoólicos, que oferecem uma experiência sensorial rica e aconchegante. Se você ainda associa cerveja só ao verão, talvez esteja na hora de mudar essa percepção com um brinde mais encorpado.

Amor em goles: dicas de harmonização com cervejas para brindar o Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados é a ocasião perfeita para um jantar especial, música boa e… por que não uma cerveja pensada com carinho para acompanhar cada momento? Se você já cansou de ouvir que só o vinho tem lugar à mesa nos encontros românticos, é hora de descobrir o lado apaixonante do mundo cervejeiro.

Com uma variedade incrível de aromas, sabores e texturas, a cerveja pode ser a parceira ideal para harmonizações surpreendentes. Pensando nisso, preparei sugestões de harmonizações com entradas, pratos principais e sobremesas para deixar o clima ainda mais especial — e o jantar, inesquecível.

ENTRADAS

Tábua de queijos + Saison
A Saison é uma cerveja de origem belga, com leve acidez, aromas frutados e um toque apimentado no final. Ela combina muito bem com queijos suaves ou de mofo branco (como brie e camembert), realçando os sabores sem sobrecarregar o paladar. Uma excelente forma de começar a noite com elegância.

Salada com frutas e nozes + Witbier
Leve, cítrica e com notas de coentro e casca de laranja, a Witbier (cerveja de trigo belga) harmoniza com saladas frescas, especialmente as que levam frutas, castanhas ou queijos leves. Uma entrada refrescante.

PRATOS PRINCIPAIS

Massa ao molho sugo + Amber Ale
O molho de tomate tem acidez marcante, que pede uma cerveja com dulçor maltado para equilibrar. A Amber Ale traz notas de caramelo e leve amargor, criando uma combinação harmônica, sem competir com o prato.

Filé ao molho madeira + Bock
Carnes grelhadas e molhos intensos vão muito bem com estilos mais encorpados. A Bock, com sua textura aveludada, sabores tostados e dulçor sutil, valoriza a profundidade dos molhos escuros sem sobrepor o prato.

SOBREMESAS

Fondue de chocolate + Porter
A Porter é uma cerveja escura, com notas de chocolate, café e caramelo. Ela se encaixa perfeitamente com sobremesas à base de chocolate, criando uma experiência cremosa, intensa e aconchegante.

Torta de limão + Catharina Sour
Se a ideia é finalizar com leveza, a Catharina Sour é uma ótima pedida. Estilo brasileiro de perfil frutado e ácido, combina com sobremesas cítricas e ajuda a limpar o paladar, dando um toque refrescante ao fim da refeição.

Finalizando…

O amor tem muitas formas, sabores e nuances. E a cerveja pode ser uma ponte sensorial entre você e quem divide o copo (e a vida) com você. Seja em um jantar elaborado ou em um brinde descontraído, vale a pena experimentar novas combinações e criar memórias com sabor.

Um ótimo Dia dos Namorados!
E que nunca faltem bons brindes e boas cervejas.

Cerveja combina com Páscoa e eu posso te provar!

Quando falamos em Páscoa, o que vem à cabeça quando o assunto é comer? Chocolate, claro. Mas também bacalhau, mesa farta e momentos de celebração. E se eu te contar que a cerveja pode, e deve, fazer parte dessa experiência? Mais do que apenas acompanhar, ela pode transformar os sabores da Páscoa.

A harmonização entre cerveja e alimentos é uma arte. E com chocolate, então, o desafio (e o prazer) é ainda maior. O segredo está em buscar equilíbrio entre sabores, intensidades e sensações.

Abaixo, separei algumas dicas certeiras pra você surpreender o paladar nesta Páscoa. Depois que ler tudo, escolha umas das harmonizações e faça! Você não vai se arrepender.

Chocolate ao leite + Porter

O chocolate ao leite tem alta doçura e textura cremosa. Uma boa pedida é uma Porter, com notas de caramelo, toffee e chocolate amargo. A suavidade da cerveja e seu dulçor moderado equilibram perfeitamente o chocolate sem sobrecarregar o paladar.

Dica de sommelier: escolha uma Porter com final mais seco para não tornar a harmonização enjoativa.

Chocolate amargo (70% ou mais) + Imperial Stout

Aqui estamos falando de potência. O amargor e a intensidade do chocolate amargo pedem uma cerveja encorpada, com alta graduação alcoólica e perfil torrado. A Imperial Stout é ideal: notas de café, cacau e frutas secas fazem um verdadeiro dueto com o chocolate.

Combinação ousada, intensa e inesquecível!

Ovo trufado + Barleywine

Ovo de Páscoa com recheio de brigadeiro ou doce de leite? Vá de Barleywine! Essa cerveja é licorosa, alcoólica, com dulçor residual e notas de frutas secas, toffee e até um toque oxidado que lembra vinho do Porto.

Um verdadeiro “vinho de cevada” para ocasiões especiais.

Chocolate branco + Fruit beer ou Strong Golden Ale

Com uma textura mais pastosa, mais macia e bem adocicado, o chocolate branco vai harmonizar com cervejas mais frutadas e ácidas. E como é bem gorduroso, pode combinar também com cervejas com teor alcoólico mais elevado. Aposte na Fruit Beer ou Strong Golden Ale.

Bacalhau + Witbier ou Saison

Nem só de chocolate vive a Páscoa. O tradicional bacalhau também tem sua vez — e com cerveja, fica ainda melhor. Pratos à base de bacalhau costumam ser salgados, untuosos e intensos. Para limpar o paladar e refrescar, escolha uma Witbier (trigo com casca de laranja e semente de coentro) ou uma Saison, com perfil frutado e final seco.

Essas cervejas trazem frescor e elegância à refeição.

Dica extra: Cervejas muito claras, leves e refrescantes, de teor alcoólico baixo, costumam não harmonizar bem com chocolates em geral.

Cervejas para substituir o chocolate

Algumas pessoas trocam o chocolate facilmente por uma cerveja, já que algumas delas trazem a mesma sensação de estar comendo o chocolate.  Para trazer essa sensação, algumas cervejas usam maltes tostado, outras utilizam o nibs de cacau, que são amêndoas de cacau torradas, trituradas e descascadas. Eles trazem notas de chocolate para o sabor e aroma da cerveja. Parece m chocolate líquido. Eu amo cervejas assim!

Se você é desse time também, anota aí essas dicas também!

Schwarzbier, Bock, Russian Imperial Stout, Cacau IPA, Porter, Stouts, Dubbel, Quadruppel, Doppelbock, Belgian Dark Strong Ale e Barleywine.

A cerveja pode, e deve, brilhar na sua Páscoa

Mais do que acompanhar, a cerveja pode ser protagonista também. Seja no almoço com a família, seja na hora de abrir o ovo de chocolate no sofá, vale experimentar novas combinações e descobrir como o mundo cervejeiro pode surpreender até nas datas mais tradicionais.

Espero que tenha gostado das dicas.

Clique aqui para ver um reel que criei com cerveja e ovo de Páscoa

Clique aqui para ver o reel com dicas de 3 cervejas que combina com chocolate