Cerveja Industrializa: vamos aprender mais?

Em princípio eu iria fazer um post comparando os dois tipos de cerveja para podermos entender o que é uma e o que é a outra. Porém, fazendo minhas pesquisas, percebi que o assunto é bem extenso e para conseguirmos comparar é necessário entender os dois tipos de cerveja. Por isso, ao invés de fazer um quadro comparativo, resolvi dividir o assunto em dois e falar um pouco de cada um separadamente.

Então, vamos aprender mais sobre o que estamos bebendo?

Bom. As cervejas populares/industrializadas ou “cerveja de milho”, são aquelas produzidas em larga escala, que estamos acostumados a ver em grande quantidade nos supermercados, distribuidoras, bares e restaurantes em geral. Ou seja, as Brahma, Skol, Itaipava e Antárctica da vida.

E onde entra o tal do milho?

Os ingredientes de uma cerveja são: a água, malte (como uma copo milho2fonte de amido), lúpulo e levedura.  Em algumas, 100% dessa fonte de amido é o malte (por isso a descrição “Puro Malte”) como a Heineken, Paulistânia, Bavaria Premium, Proibida e Devassa Puro Malte e as artesanais em geral. Já a maioria das populares (Brahma, Skin, Skol, Original, Bohemia…), usa-se o malte também como fonte de amido, porém, não é 100%. Pela legislação brasileira está permitido o uso de até 45% de adjuntos para substituir o malte. Esses 45% de outros tipos de cereais, são identificados nos rótulos como cereais não maltados. Eles possibilitam que haja um aumento do volume do produto, fazendo com que as indústrias gastem menos e produzam em maior quantidade, além disso, eles são muito mais baratos que o malte. A produção fica mais barata, o produto é vendido por um preço baixo, atingindo a maior parte do público cervejeiro. Enfim, torna-se um produto popular.

copo-calderetaAlém de aumentar a quantidade na produção, esses cereais tornam a cerveja mais leve, fazendo com que ela seja consumida em maior quantidade. E a quantidade de lúpulo (quando tem) é bem pouca, o que faz com que a cerveja fique sem sabor e sem aroma. E toda essa padronização, faz com que a maioria tenha um gosto semelhante. Eu, particularmente, nunca achei graça nisso. Mesmo antes de descobrir as artesanais eu não gostava de tomar as industrializadas.

Portanto, a quantidade e a qualidade dos ingredientes usados, o processo industrializado e o volume de venda, fazem com que a cerveja popular seja mais barata e esteja mais presente nas geladeiras.

E a propósito, elas se enquadram na Escola Cervejeira Americana, seu estilo é o  “Standard American Lager”. Veja aqui o post que fiz sobre essa escola!

Quero saber mais sobre esse milho!

Vamos lá! Como disse anteriormente, no Brasil, a legislação permite que as cervejas tenham até 45% de cereais não-maltados no lugar do malte. E as fabricantes das populares fazem questão de usar o máximo que pode.

Exemplo de cereais não maltados: cevada, trigo, arroz, milho, centeio e aveia.

Os mais utilizados como fonte de amido na produção de cerveja são: milho (mais comum) e o arroz (no caso da Bud). A adição desses adjuntos, como já disse, dá mais volumes na produção e faz com que a cerveja fique mais leve (mais aguada), barateando o processo.arroz e milho

O milho utilizado, provavelmente, é o transgênico, pois este tipo de milho equivale a mais de 89% do total de milho produzido pelo país. Existem inúmeros estudos que mostram que os transgênicos causam os mais diversos problemas genéticos. Isso não é bom!

Outra discussão é o rótulo dessas cervejarias, que não deixa claro para o consumidor qual é o cereal não maltado utilizado naquela receita.

bavaria

Mas, existe um lei, que obriga as cervejarias a especificarem quais são esses cereais não-maltados. Falei sobre essa lei no meu post “O fim dos cerais não-maltados nos rótulos das cervejas -leia aqui”.

Cervejas que no rótulo descrevem “cereais não maltados” então são de baixa qualidade?

Isso é mito. Nem sempre as cervejas que contém esses ingredientes em sua composição

leffe
Leffe – Cerveja Belga  

vão ser de baixa qualidade. Alguns cereais não-maltados, como o trigo não-maltado, a aveia e a cevada, podem ser utilizados para dar características específicas a algumas cervejas. Podem servir para fazer com que uma cerveja atinja um teor alcoólico mais elevado sem fazer com que ela fique mais encorpada e adocicada demais, que é o caso das excelentes cervejas belgas. Ou podem ser usados também para equilibrar certas características como o aroma, sabor, espuma e corpo.

Portanto, devemos estar atentos! Nem sempre que o rótulo trouxer “cereais não-maltados”, significa que aquela cerveja foi feita com excesso desse ingrediente com o intuito de aumentar seu volume e barateá-la. Que é o caso de todas as cervejas populares/industrializadas.

E os adjuntos químicos?

Outra característica das cervejas populares é a parte química, elas utilizam estabilizantes, usados para melhorar, corrigir e acelerar processos de produção e antioxidantes, para retardar a oxidação, para que a bebida dure mais tempo nas prateleiras e aguente viagens longas, ficando assim com prazo de validade estendido. Mais um ponto para barateá-la, pois, devido seu grande prazo de validade, ela pode ser produzida em escalas ainda maiores.

Não achei estudos que comprovassem que esses “antes” afetassem o sabor da cerveja. Também não tenho formação para afirmar se fazem mal para saúde. O que sei é que sempre que pudermos escolher um produto natural, sem conservantes, nossa saúde agradece!

Obs: Algumas cervejas artesanais usam esses “antes”.

Curiosidades:

– As cervejas populares representam 98% do mercado cervejeiro.

– 4 grupos detêm 98,8% do mercado cervejeiro brasileiro

cervejas industrializadas
Imagem: http://www.uzmenino.com

 

#TBT: Zillertal- Chivito – Rio de la Plata (Montevidéu)

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No #tbt de hoje não vou falar de uma artesanal, mas, quem vai ou foi em Montevidéu com certeza tomou ou vai tomar dessa.

A Zillertal pode ser encontrada em todos os bares, restaurantes, venda e supermercados em Montevidéu. Pra mim, ela é a Stella Artois do Uruguai. O sabor e aroma são bem parecidos. No aroma, destaca-se o lúpulo mas também percebe-se aroma de malte e o metálico. No sabor, destaca o amargor do lúpulo que persiste. É uma cerveja gostosa de tomar, leve e refrescante.

Ela é uma Premium American Lager, com 5,5% de teor alcoólico. Acha ela de 330ml e 970ml. Das populares de lá, é a melhorzinha. Já falei da Patrícia aqui.

zillertalA Zillertal foi lançada em dezembro de 1990. Seu nome faz referência ao vale do rio Ziller em Tirol, na Áustria. Seus ingredientes incluem malte de cevada, adjuntos, lúpulo e aditivos químicos. 😦

Ela é fabricada pela FNC (Fábricas Nacionales de Cerveza S.A), a maior fabricante de bebidas do Uruguai que, desde 2007, faz parte da gigante AB-Inbev.

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Sua história começa em 1886, quando Conrado Niding inaugurou sucessivamente as cervejarias La Popular, A Vapor e La Montevideana. Durante as décadas seguintes, uma sucessão de vendas, compras e fusões foram dando volume ao negócio. Mas só em 1932, numa reação contra a crise mundial iniciada em 1929, é que a empresa ganhou o atual nome através da unificação de várias operações.


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Para manter a linha do popular, o prato típico deste TBT é um dos mais populares do Uruguai: o Chivito

O Chivito é um sanduíche à base de filé de carne macio feito na chapa. Normalmente, é servido em tamanho gigante e vem acompanhado de presunto (jamón), mussarela, bacon (pancetta), alface (lechuga), fatias de tomate e ovo cozido com maionese, além de uma porção de batatas fritas ou salada de batatas (ensalada rusa). Porém, há variações. Cada restaurante tem seu tipo especial de Chivito.

Não é nada diet, mas eu não estava pensando nisso. É gostoso demais. Depois que comi, não conseguia nem andar…rs

Comemos o chivito em um local bem famoso em Montevidéu, a Chiviteria Marcos, que tem diversas opções de chivito e outras cositas mas.

Não lembro qual eu pedi, mas pela foto era bem caprichado! 🙂


O ponto turístico do TBT também é algo bem popular no Uruguai o Rio da Prata (Rio de la Plata). Criado pelo desague das águas dos rios Paraná e Uruguai e do oceano, formando sobre a costa atlântica da América do Sul uma muesca triangular de 290 quilômetros de largura.

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Em Montevidéu, ele é bem grande, parece até praia. Sua orla, lá chamada de Rambla, fica lotada no final da tarde e finais de semana. Famílias, casais, turma de amigos vão para as Ramblas, que tem visto para o Rio para distrair, divertir, conversar, alguns velejam, pesacam e, quando tem sol, até pegam uma prainha (eles chamam o rio de praia). Sempre com o inseparável mate debaixo do braço. Já falei um pouco sobre isso aqui, no post sobre o Letreiro Montevideo.

O rio está em quase toda parte de Montevidéu, é muito bonito! Navegamos por ele quando fomos de Colonia del Sacramento (Uruguai) para Buenos Aires (Argentina). Aliás, ele separa os dois países.

Até o próximo tbt de Montevidéu!