Você sabe ler o rótulo da cerveja?

Você já se decepcionou com uma cerveja que parecia ser perfeita, mas não era nada do que esperava? Talvez tenha sido amarga demais, doce demais, forte demais… ou simplesmente diferente do seu paladar. Pois é. Muitas vezes, tudo o que você precisava fazer era olhar com mais atenção para o rótulo.

E quando eu falo em olhar com mais atenção, não estou falando da arte do rótulo — que, aliás, é linda e pode até influenciar na escolha. Estou falando das informações técnicas que ele traz e que muita gente ignora. O que eu estou falando é sobre a importância de ler as informações que constam em todo o rótulo, antes de comprar, para não se decepcionar.

Ler o rótulo da cerveja é como dar uma espiada no que está por vir. Ele te ajuda a entender o que esperar da bebida antes mesmo de abrir a garrafa. E mais: te dá ferramentas para fazer escolhas mais conscientes, seja no bar, no mercado ou na prateleira da geladeira.

Veja quanta informação um rótulo pode te trazer.

O que dá para descobrir só com o rótulo?

O estilo da cerveja
É a primeira dica para você ter uma noção de sabor, corpo, aroma e teor alcoólico. Uma IPA é diferente de uma Weiss. Uma Pilsen não tem nada a ver com uma Stout. O estilo já diz muito sobre a experiência que vem pela frente.

Ingredientes
Os ingredientes básicos da cerveja são água, malte, lúpulo e levedura. Mas alguns rótulos também revelam o uso de frutas, especiarias, madeiras e até lactose. Saber o que tem ali ajuda a identificar sabores e até a evitar alergias ou intolerâncias.

– Informações nutricionais e restrições

Você também pode encontrar no rótulo se a cerveja é sem glúten, low carb ou até zero carboidrato. Essas informações são importantes para quem tem restrições alimentares ou busca uma opção mais leve para o dia a dia ou quer manter a dieta com baixa ingestão de carboidratos.

Validade e armazenamento
Pode parecer detalhe, mas não é. Cerveja vencida ou mal armazenada pode alterar completamente o sabor. Fique de olho na data de validade e prefira as que estiverem mais “frescas”, especialmente no caso das lupuladas, como IPAs. As IPAs, quanto mais perto da fabricação forem tomadas melhor, pois os lúpulos, que são cruciais para o sabor e aroma da cerveja, tendem a se degradar com o tempo, perdendo suas características desejadas.

Já comentei aqui no blog que tomar cerveja vencida não faz mal à saúde. O que acontece é que ela perde suas características com o tempo. E também já falei sobre cerveja de guarda, que são cervejas que podem ser guardadas por anos depois do vencimento que ficam ainda melhores, o que não é o caso das IPAs.

–  Origem e quem produz
Saber de onde vem a cerveja e quem a produziu ajuda a conhecer mais sobre a proposta da marca e sobre o cenário cervejeiro em geral. Além disso, alguns rótulos trazem selos como “cerveja artesanal” ou “independente”, que também são sinais interessantes.

– Teor alcoólico, amargor e cor da cerveja

Além disso, os rótulos também trazem informações como teor alcoólico (ABV), nível de amargor (IBU) e coloração da cerveja (EBC/SEM). Essas siglas ajudam a entender se a cerveja será mais leve, intensa, encorpada ou amarga — e a fazer escolhas mais certeiras. Mas calma que em breve vou te explicar tudinho sobre essas siglas!

– Temperatura ideal

Alguns rótulos trazem a indicação da temperatura ideal para consumo. Essa informação é útil para garantir que a cerveja seja degustada na temperatura que realça seus sabores e aromas característicos. 

Viu quanta informação dá pra extrair de um único rótulo? E cada detalhe ali pode ser a chave para você acertar em cheio na sua próxima escolha.

Ler o rótulo da cerveja é um hábito simples, mas poderoso. Com o tempo, você vai perceber que ele é um verdadeiro mapa de sabores, aromas e experiências.

E pra te ajudar a decifrar esse mapa, nas próximas semanas vou te explicar aquelas siglas que muita gente vê, mas nem sempre entende: ABV, IBU, EBC/ SRM. Fica de olho aqui no blog!

Cervejaria lendária belga adota rótulos após 75 anos

Cervejaria trapista belga Westvleteren passa a rotular suas garrafas pela primeira vez em 75 anos para atender demandas do mercado de cerveja

A cervejaria do mosteiro Westvleteren, localizada na Bélgica, cujas cervejas lendárias são produzidas por monges trapistas na abadia de Sint-Sixtus passará a rotular suas garrafas pela primeira vez em 75 anos.

Por mais de 75 anos, a cervejaria, que produz três das famosas cervejas trapistas da Bélgica, em homenagem à ordem ou dos monges que administram a abadia apresentou as suas garrafas sem rótulo e agora está mudando isso.

A produção da Westvleteren já possuiu rótulos até pouco tempo depois da segunda guerra mundial, quando suas cervejas passaram a ser produzidas de forma licenciada na cervejaria Saint Bernardus. Ainda nesta época a Westvleteren decidiu por não utilizar mais rótulos, concentrando todas informações na tampa da garrafa.

Mesmo quando os monges retomaram toda a produção para dentro dos muros da abada em 1992 as garrafas foram mantidas sem rótulo sendo vendidas no portão do monastério.

Os novos rótulos permitem que os consumidores diferenciem as quatro variedades de forma simples e rápida, porém um dos grandes pontos sobre a Westvleteren é sua exclusividade com os monges produzindo cerveja de forma bastante limitada e limitando também as suas vendas que ocorrem quase que exclusivamente no próprio mosteiro.

Os rótulos conterão todos os tipos de requisitos legais – valores energéticos, ingredientes em três idiomas e um código QR que vincula ainda mais informações que anteriormente os consumidores não tinham acesso.

Rótulo da Westvleteren é uma demanda de mercado pedida por seus consumidores

A gama completa de informações presentes no rótulo, não são exigidas legalmente, mas a cervejaria decidiu por adicioná-los devido a demanda dos consumidores.

Foto:  Francois Lenoir/Reuters

Os monges optaram por um design de etiqueta único, bastante próximo da aparência familiar. Os rótulos representam imagens estilizadas das tampas das garrafas. Existem três versões de rótulos, uma para cada uma das três cervejas trapistas da Abadia de Westvleteren diferenciadas por cores.

 “Estamos respondendo à demanda de muitos de nossos consumidores com esses rótulos. É simplesmente uma tendência no mundo da comida se comunicar muito abertamente. Nós também nos tornamos mais sensíveis a isso. Muitas vezes vejo alguns irmãos aqui analisando uma caixa ou um pacote.” explicou o Irmão Godfried, prior da abadia ao site belga Brussel Times.

A cervejaria destacou que está deixando para trás uma tradição para obter algo melhor em troca e de alguma forma progredir.

“Além disso, mantemos a aparência. Quando as garrafas estão na caixa, os rótulos são colocados de forma que não possam ser vistos, mas apenas as garrafas clássicas e escuras com o anel distintivo com a inscrição em relevo cerveja trapista.”

Cervejas trapistas. O que são?

Trapistas são Abadias – uma comunidade monástica cristã, originalmente católica – que produzem cervejas há muito tempo e seus monges vivem uma rotina de trabalho e oração.

Atualmente, existem apenas 13 cervejarias que podem estampar o selo trapista.

Existem mosteiros trapistas em todo o mundo. E apesar de não terem o selo, o modelo trapista está muito relacionado com a forma de produção e venda.

Para saber mais sobre elas, acesse esse resenha que fiz: Cervejas Trapistas

Fonte: Site Catalise