Dia 5 de junho é comemorado o Dia da Cerveja Brasileira.
A data foi escolhida por ser o aniversário do mestre cervejeiro Rupprecht Loeffler, herdeiro da Cervejaria Canoinhense, que faleceu em 2011 aos 93 anos. Na época, ele era o cervejeiro mais antigo do Brasil em atividade.
Com isso, desde 2012, a data passou a ser comemorada para celebrar a apreciação que o brasileiro possui pela cerveja. Afinal, a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no país.
Que tal um pouco de história?
Vamos perceber, ao longo do texto, que a história da cerveja aqui é bem recente se comparada a história da cerveja na Europa (quando ainda nem era Europa). Diferente das escolas cervejeiras clássicas (Alemã, Franco-belga e Britânica) que têm datas marcadas antes de Cristo. Só para termos ideia, enquanto nosso país estava sendo descoberto, lá do outro lado do mundo, já estavam descobrindo o lúpulo para conservação de suas cervejas. Um exemplo do quanto essa prática de beber cerveja é antiga na Europa é a cervejaria alemã Weihenstephan, a mais antiga do mundo ainda em funcionamento, foi aberta em 1.040. Sua cerveja começou a ser produzida antes ainda, em 800.
Para se ter uma ideia, há mais de 4.000 anos a.C., os babilônios já fabricavam mais de dezesseis
tipos de cerveja de cevada, trigo e mel.
Voltando para o Brasil, segundo historiadores, nos primeiros anos do século XVI (1.501 -1600), tribos indígenas, apreciavam o Cauim, um tipo de bebida fermentada à base de mandioca, milho e frutas, elaborada pelos próprios nativos. A massa da bebida era cozida, MASTIGADA (cuspida) e recozida para a fermentação, de forma que enzimas presentes na saliva quebrassem o amido em açúcares fermentáveis. É estranho, mas era assim mesmo!



Acredita-se que a cerveja tenha chegado no Brasil por volta de 1.637, quando o holandês Maurício de Nassau aportou em Recife e trouxe com ele o cervejeiro Dirck Dicx, que teria sido o responsável por montar a primeira cervejaria no país. Naquela época, a cerveja não era popular por aqui, já que a coroa portuguesa proibia a fabricação de produtos na colônia e forçava o consumo dos vinhos lusitanos pois o comércio internacional era exclusivo com Portugal.

Quando os holandeses saíram do Brasil, em 1654, levaram a cerveja e tudo que tinha na cervejaria. O produto sumiu do Brasil por 150 anos. Enquanto isso, era consumida apenas cervejas feitas em casa de forma artesanal.
A comercialização de cerveja só voltou com a fuga da Família Real portuguesa para o Brasil, em 1808. Dom João consumia muito a bebida. Com isso, até 1814, mandou abrir os portos, exclusivamente, para a importações da Inglaterra. Assim, os primeiros estilos de cerveja a chegarem no Brasil foram ingleses, ou seja, as Ales (veja o post sobre a Escola Britânica).

A partir da metade do século XIX, a fabricação de cerveja brasileira começa a tomar vulto com o aparecimento de diversas fábricas. As primeiras fábricas produziam cerveja sem marca e geralmente vendiam, em barris. Já no final do século, quando a importação voltou a crescer, a preferência passou a ser pela cerveja alemã, que era mais leve e vinha em garrafas e em caixas, ao contrário das inglesas que vinham em barris.
Com a quadriplicação dos impostos, parou-se com as importações no início do século XX. Com isso, em 1904, a produção nacional ganha força e domina o mercado, dando origem às grandes cervejarias e com produção quase exclusiva do estilo Standard Lager (as cervejas de massa que são vendidas hoje – tipo Pilsen).
Em 1994, surgiram as microcervejarias que produziam pequenas quantidades para consumo local, influenciadas pelo movimento Craft Beer dos EUA, com a proposta de cervejas saborosas e com personalidade.
A cerveja virou paixão nacional e, hoje, o Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, produzindo, em 2020, de acordo com a Barth Haas 2020/2021, 151,9 milhões de hectolitros, ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos.

Curiosidades sobre a cerveja no Brasil

– As cervejas fabricadas nacionalmente ficaram conhecidas como “marca barbante”. A origem da expressão está no fato que os produtores usavam barbantes para prender as rolhas das garrafas. Deste modo, se a pressão de CO² interna estivesse muito alta, a rolha não era expulsa.
– Em 1853, o alemão Heinrich Kremer fundou a Cervejaria Bohemia, na região de Petrópolis (RJ). Não foi a primeira cervejaria no Brasil, mas é considerada a cervejaria em atividade continua mais antiga do país;

– O empresário Joaquim Salles possuía um abatedouro de porcos com uma fábrica de gelo, na época ociosa. O alemão, Luis Bucher, tinha uma pequena cervejaria em 1868 e despertou o interesse pela fábrica de gelo. Em 1888, surgia na associação entre os dois a Cervejaria Antarctica, sendo a primeira cervejaria a produzir Lager e a primeira a ter rótulo em todas as garrafas.
– Também em 1888, o engenheiro suiço, Joseph Villiger, fundou sua própria cervejaria chamada de Manufatura de Cerveja Brahma Villiger e Companhia, com 32 funcionários e uma produção de 300 mil litros/mês. Sendo então comercialmente lançada a Cerveja Brahma. Desde então a Brahma não parou de crescer. Em 1904, surgiu a Companhia Cervejeira Brahma que era uma fusão da Villiger Brahma com a cervejaria Teutônia, na cidade de Mendes (RJ).

– No início do século XX, a produção de cerveja entra em declínio no país, já que a matéria-prima vinha do Velho Mundo, que passava por um período de guerras. Mas, em 1966, a produção é retomada e surge a Cerpa. Em 1967 surge a Skol.
– Em 1971, a Skol lança a primeira cerveja em lata do Brasil. Ela era feita em folha de flandres.
– Em 1980, surge a Cervejaria Kaiser, em Divinópolis/Minas Gerais, e em 1989 a Primo Skincariol passa a produzir cerveja no interior de São Paulo.
– Em 1993, um grupo de empresários se associou e decidiu comprar algumas máquinas, equipamentos e um terreno perto da rodovia BR 040 – Km 51. Assim, surgi a Cervejaria Petrópolis.
– Em 1994, é lançada a Cerveja Itaipava. A marca também inovou ao adotar, em 2002, o selo higiênico, uma folha fina de alumínio que cobria a parte superior da lata e que tinha que ser retirada para permitir a abertura da mesma, proporcionando ao consumidor higiene e segurança contra impurezas e micro resíduos.
– Em 1999, a partir da fusão Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma, surge a Ambev – Companhia de Bebidas das Américas. A criação da AMBEV e sua posterior fusão a gigante belga Interbrew foram dois dos fatos mais marcantes da história da cerveja brasileira e mundial das últimas décadas. Com o nome de Inbev, a nova empresa mundial, a partir de 2004, tornou-se a maior produtora do mundo.
– Eisenbahn/Cervejaria Sudbrack – Criada em 2002, surgiu devido ao descontentamento de alguns empresários do setor pela forma como estava evoluindo o mercado de cervejas do país. Surgia apenas cervejas do tipo pilsen, esquecendo-se os outros tipos tradicionais de cerveja originários da Europa. Apostando num experiente mestre cervejeiro e seguindo a Reinheitsgebot, a Lei Alemã da Pureza, criaram a Eisenbahn que, em um determinado período tinha diversos estilos como: Dunkel, Kölsch, Pale Ale, Pilsen, Pilsen Orgânica, Weihnachts Ale, Weizenbier, Weizenbock, Rauchbier, Bierlikor. Porém, hoje em dia, eles reduziram esse portfólio.
Curiosidades atuais
– Hoje, no Brasil, o setor cervejeiro está perto de atingir a meta lixo zero em seus processos produtivos. Os maiores fabricantes já registram índice de pelo menos 90% na reciclagem dos resíduos gerados pela produção.
– O Brasil se destaca como o terceiro país que mais consome a bebida, segundo estudo divulgado pelo Cupom Válido, que compilou dados de pesquisas da Credit Suisse, Euromonitor e Statista, sobre o consumo de cerveja no Brasil e no mundo, em 2021. Conforme os dados divulgados, o consumo no Brasil representa 7% do consumo mundial, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos, com 27% e 13%, respectivamente. Segundo esse mesmo estudo, o brasileiro consome, em média, seis litros de cerveja por mês
– De acordo com o estudo realizado pela Cupom Válido, as cervejas mais vendidas para os consumidores brasileiros são as nacionais: Skol, Brahma, Antarctica, Schin e Itaipava – nessa ordem. A Heineken também está entre as preferidas, mas, segundo avaliação do Credit Suisse, existe uma grande diferença entre as preferidas e as mais consumidas. Donos de distribuidoras de bebidas e bares explicam que isso se dá pela falta de estoque e valor elevado.
– A Canoinhense, localizada em Canoinhas – SC, é considerada a cervejaria artesanal mais antiga do Brasil ainda em produção. Foi fundada em 1908 por Otto Loeffler e produz sua cerveja artesanal seguindo as receitas que estão na família por 5 gerações e também de acordo com a Lei da Pureza Alemã.
– A primeira microcervejaria nacional foi a gaúcha Dado Bier.
– O primeiro estilo oficial de cerveja artesanal do Brasil é catarinense. A bebida foi criada por cervejeiros artesanais do Vale do Itajaí. Feita para viajar na diversidade de frutas do território brasileiro, o estilo foi criado de forma colaborativa entre cervejeiros caseiros de várias cidades em 2016. A Catharina Sour entrou em julho na lista oficial de estilos da Beer Jugde Certification Program (BJCP), que define as diretrizes para concursos cervejeiros no mundo inteiro.
Fontes: brejada.com/brejapedia/estudos/cervejas-especiais-nacionais/
http://www.cervejasdomundo.com/Brasil4.htm
http://cervejasecervejariasnomundo.blogspot.com/2016/05/a-historia-da-cerveja-no-brasil.html



começou a funcionar nos anos 20 em Canoinhas-SC, onde se situava uma cervejaria fundada em 1908, que foi comprada pelo pai do sr. Loeffler. Anos depois, ele se tornou o responsável pelo negócio. Ficaram famosas quatro crias da fábrica: a Nó de Pinho, a Mocinha, a Jahú e a Malzbbier.
O mais antigo mestre cervejeiro do Brasil bebia duas garrafas de cerveja por dia, mas, no fim, diminuiu esse ritmo. Além de não abrir mão da cervejinha, costumava dizer que “quem toma essa cerveja não precisa de remédio”.