Até o século 16, a cerveja era um alimento comum para as famílias da Europa, e quem as fabricavam eram as mulheres, já que eram as responsáveis por preparar os alimentos domésticos. Como era um alimento muito requisitado para as pessoas, passaram a comercializar o produto.

Naquela época havia muitas doenças e guerras, existiam muitas mulheres viúvas. Elas se juntavam com as solteiras, aproveitavam a habilidade na cozinha, para ganhar um dinheiro, enquanto as casadas comercializavam cerveja em parceria com seus maridos.
Porém, naquela época, as mulheres eram proibidas por lei de possuir propriedade ou ter seu próprio negócio. A maneira que encontraram foi improvisar tavernas em suas casas e adotar símbolos indicando que, ali, vendia-se cerveja.
As mulheres colocavam seus grandes caldeirões de cobre do lado de fora das casas, onde ferviam o mosto (líquido antes de virar cerveja), espalhando o aroma da bebida no ar para atrair clientes, e sinalizavam o comércio doméstico pendurando uma vassoura sobre a porta. Outro detalhe é que sempre tinham muitos gatos para manter os ratos longe dos grãos.
Para que pudessem ser identificadas nos mercados lotados, as fabricantes e vendedoras de cerveja usavam chapéus grandes e pontudos
Ao mesmo tempo, acontecia a Inquisição na Europa, um movimento religioso fundamentalista que se originou no início do século 16 e pregava normas de gênero mais rígidas e condenava as bruxa. Era uma espécie de caça às bruxas fomentada pelo Vaticano e pelo patriarcado. Fosse por medo da independência econômica das mulheres cervejeiras, por seu conhecimento de botânica em uma época que a química era desconhecida, ou por simples ignorância.

Com isso, os homens cervejeiros viram uma oportunidade para reduzir a competição no comércio de cerveja e passaram a acusar as mulheres cervejeiras de serem bruxas e usarem seus caldeirões para preparar poções mágicas e até mesmo de voarem em suas vassouras.
Com o passar dos anos, ficou cada vez mais perigoso para as mulheres fazerem cerveja ou tentar vendê-la, pois corriam o risco de serem identificadas como bruxas. Na época, uma identificação como bruxa podia render uma condenação ao ostracismo, prisão ou morte na fogueira.
No decorrer de um século e meio, quase 100 mil mulheres foram perseguidas, levadas à fogueira ou à forca e, já no século XVII, mulheres cervejeiras eram coisa do passado.
Mesmo que a ligação da bruxa com a cerveja tenha sido mera coincidência, foi o último prego no caixão daquelas mulheres independentes, que ousaram destoar de seus papéis e expectativas socialmente aceitos.
Sobre bruxas
As mulheres durante a Idade Média que possuíam domínio de ervas medicinais para a cura de enfermidades eram julgadas como pecadoras, pois, na concepção católica, elas tentavam enganar as leis divinas com rituais que iam contra os preceitos da Igreja Católica. Elas eram acusadas de falsear o controle divino, manipulando ervas e curando doenças, pois ninguém poderia mudar o curso divino das coisas se não fosse Deus. Essa prática começou a ser associada a pactos com o diabo, e tanto a figura do demônio quanto a da bruxa passou a ganhar poder no imaginário popular.
As bruxas são um elo entre mito e razão ou entre ficção e realidade, pois elas se encontram no campo do imaginário popular que é disseminado pela cultura e pelos costumes de um povo.

